Dólar fecha em queda e volta a ficar abaixo de R$ 5 na ‘Super Quarta’, dia de definição de juros no Brasil e EUA

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O dólar fechou a sessão desta quarta-feira (3) em queda, com investidores de olho nas decisões sobre as taxas básicas de juros no Brasil e nos Estados Unidos.

Na maior economia do mundo, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), elevou as taxas em 0,25%, elevando-as a um patamar entre 5,00% e 5,25% ao ano, maior nível desde 2007, com o objetivo e controlar a pressão inflacionária no país.

O mercado ainda aguarda a decisão do Banco Central do Brasil (BC), que deve ser anunciada por volta das 18h30. As expectativas são de que a instituição mantenha a taxa Selic em 13,75% ao ano.

Ao final da sessão, a moeda americana recuou 1,08%, cotada a R$ 4,9919. Na mínima do dia, chegou a R$ 4,9836.

Na véspera, o dólar fechou com alta de 1,18%, cotada a R$ 5,0462. Com o resultado de hoje, a moeda passou a acumular:

  • Alta de 0,09% na semana e no mês;
  • Baixa de 5,42% no ano.

O que está mexendo com os mercados?

Em meio à toda a expectativa para a “Super Quarta” — como são conhecidos os dias em que há decisões de juros tanto por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) quanto pelo Banco Central do Brasil — o foco dos investidores ficou mais com as mensagens enviadas pelas autoridades monetárias, do que com os resultados dos juros em si.

No Brasil, agentes avaliam que os dados de atividade econômica e os núcleos de inflação medidos pelo IPCA-15, divulgado na semana passada, podem afastar um tom mais sereno do BC e tirar um pouco da clareza das intenções do Comitê de Política Monetária (Copom) para a próxima reunião.

“Além disso, a questão fiscal vigente ainda não tem definição e portanto, não abre espaço para que haja alívio nos vértices das curvas de juros de forma a permitir a retomada do afrouxamento monetário antes do segundo semestre deste ano, sendo possíveis cortes a partir de agosto”, diz a análise da Infinity Asset.

Para a casa de análise, inclusive, os cortes no segundo semestre só poderão seguir a depender dos rumos do arcabouço fiscal e se seu foco continuará na busca por receitas e não, na redução de despesas.

A decisão do BC brasileiro deve ser divulgada perto das 18h30, após os fechamentos dos mercados acionário e de câmbio.

Já nos Estados Unidos, o foco esteve com a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). A autarquia anunciou um novo aumento da taxa básica do país em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 5% e 5,25%.

O movimento já era amplamente esperado pelo mercado, e o foco dos investidores ficou com as falas do presidente da instituição, Jerome Powell. Em entrevista concedida após a divulgação do texto, o banqueiro central afirmou que a decisão de uma “pausa” no ciclo de alta dos juros ainda não foi feita.

“Tomaremos essa decisão a cada reunião, com base nos dados econômicos disponíveis”, disse. 

Powell ainda fez comentários sobre o sistema bancário norte-americano e sobre a dívida pública do país. Sobre o futuro da maior economia do mundo, o banqueiro central afirmou que não descarta uma “leve recessão”, mas reforçou que é possível que o mercado de trabalho desacelere gradativamente sem causar, necessariamente, um “aumento extremo” do desemprego.

“Os salários têm se movido para baixo. Então, acredito que ainda é possível evitarmos uma recessão”, disse.

Assim, os resultados da geração de empregos pelo setor privado (ADP Employment) nesta quarta e do relatório de emprego norte-americano (também conhecido como payroll) na sexta-feira seguem na mira dos investidores.

O ADP já surpreendeu: foram abertas no setor privado 296 mil vagas no mês passado, mostrou o relatório. Economistas consultados pela Reuters previam que 148 mil vagas seriam criadas.

Além disso, os dados de março foram revisados para baixo para mostrar 142 mil postos em vez de 145 mil conforme relatado anteriormente.

Em relatório desta manhã, porém, a XP Investimentos alertava para a desaceleração do mercado de trabalho em meio à alta de juros.

“O número de vagas disponíveis nos EUA caiu para o nível mais baixo em quase dois anos em março, com o mercado de trabalho na maior economia do mundo mostrando sinais de arrefecimento em resposta ao aumento das taxas de juros”, diz o texto.

“Esfriar o mercado de trabalho em alta nos EUA tem sido um pilar fundamental da recente campanha agressiva de aumento de juros do Fed, com algumas autoridades argumentando que um abrandamento nessa parte da economia pode auxiliar a reduzir a inflação elevada.”