E se os remédios nos quais confiamos para vencer infecções não forem mais capazes de nos proteger de doenças conhecidas que se tornariam potencialmente fatais? Infelizmente, é o que estamos na iminência de ver acontecer. Cerca de 700 mil pessoas morrem por ano vítimas da resistência antimicrobiana – que é quando os medicamentos deixam de funcionar para combater microrganismos como fungos, vírus ou bactérias que sofreram alterações genéticas. Nas próximas décadas, a estimativa feita pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de que esse número chegue a dez milhões. Por ano, é bom repetir.
A sepse, uma disfunção de órgãos com risco de vida que é causada por uma resposta desregulada a infecções, mata 11 milhões por ano, incluindo 3 milhões de crianças. O quadro é mais comum em pacientes hospitalizados, ou que tiveram alta recentemente, porque o ambiente hospitalar, onde o uso de antibióticos é generalizado, é quase um “berçário” para as superbactérias.
Artigo do médico Michael Hodin, CEO da Global Coalition on Aging (organização voltada para questões relacionadas à longevidade), em parceria com Susan Wile Schwarz e Olivia Canie, afirma que embora este seja um problema de saúde global, tem um peso desproporcional para os mais velhos:
Em 1900, pneumonia, tuberculose e infecções gastrointestinais estavam entre as principais causas de morte nos EUA. Entre 1950 e 1970, houve uma era de ouro para os antibióticos. No entanto, entre 2000 e 2020, o Food and Drug Administration (o equivalente norte-americano à Anvisa) assistiu a uma queda de quase 75% em medicamentos desse tipo submetidos à sua aprovação.