O Governo Federal, por meio do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou na quarta-feira (2), que nenhum aparelho de televisão atualmente vendido no Brasil é capaz de suportar o novo padrão de transmissão que será implementado no ano que vem, chamado de TV 3.0.
Segundo o secretário de Comunicação Social Eletrônica, Wilson Diniz, não há modelos de TV disponíveis no mercado brasileiro que possam receber o sinal da ‘TV 3.0’. Por isso, no primeiro momento de implantação, será preciso usar conversores.
Desse modo, o governo trabalho com duas fases de implementação: tvs com receptores e, depois, novas tvs com suporte para o novo sinal. No entanto, para atender a demanda de mais de 69,6 milhões de lares com TV no Brasil, o governo ainda não definiu se os conversores serão fornecidos de graça ou se a população terá que comprar o equipamento.
“Como a vida útil das TVs tem uma carga ainda a ser cumprida, em especial porque tivemos eventos esportivos importantes nos últimos anos que fomentaram a troca dos televisores, entendemos que no começo vamos ter que ter um receptor que faça a conversão desses sinais”, declarou o secretário ao G1.
No entanto, embora ainda não haja definição sobre a distribuição dos conversores, o governo já anunciou que estuda criar linhas de crédito para as emissoras investirem na nova tecnologia de transmissão. O argumento do governo é que as redes de televisão do Brasil perderam receita para serviços de streaming como Netflix.
“Nós temos defendido isso justamente para entender a necessidade para que o setor de radiodifusão implemente essa nova geração da televisão aberta brasileira de forma mais rápida para a população. Isso carece de muito investimento e sabemos que o setor de radiodifusão foi extremamente atingido recentemente com a chegada das mídias digitais, das mídias sociais, que pegou um bolo significativo das receitas do setor”, declarou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.
Mas o que é essa tal de TV 3.0?
A TV 3.0 é um novo padrão para as transmissões nacionais que vai mudar radicalmente como os programas de televisão são produzidos, consumidos e distribuídos.
A mudança vai impactar todo o mercado de produção de conteúdo, sejam eles produzidos por canais abertos como Globo, SBT, Record, Band e outros; canais de televisão paga como CNN, Fox, Globo News e até mesmo produtores de conteúdo independente como influencers, youtubers e tantos outros.
O novo padrão, que deve ser implementado no Brasil já em 2025, pode unir a tela da televisão com o amplo mundo da internet, metaverso e Web 3. Isso ocorre, pois, entre as funções a serem habilitadas pela TV3.0 está a integração entre conteúdo transmitido pelo serviço de radiodifusão e pela internet.
Para isso, a Secretaria de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações estuda adoção de um padrão e está dividido entre o norte-americano (ATSC 3.0) e o japonês (Advanced ISDB-T).
A TV 3.0 promete melhorias significativas em termos de qualidade de conteúdo, interatividade e personalização, bem como maior robustez na transmissão de sinais, especialmente para dispositivos móveis.
Uma das principais características da TV 3.0 é sua capacidade de transmitir conteúdos de vídeo em alta definição, em até 8K. Além disso, será compatível com áudio imersivo e personalizado, como o padrão Dolby Atmos e outros no formato MPEG-H Audio. Isto é, desde que a TV em questão tenha essas capacidades.
Com a TV3.0 as emissoras podem oderecer programas diferentes simultaneamente para públicos específicos, com base no perfil do telespectador, que será monitorado em tempo real através de algoritmos. Isto sugere que a TV 3.0 terá um nível de personalização que a TV convencional não possui.
Além disso, há grande possibilidade de integração com a Web 3 tendo em vista que o processo de assistir TV passará por uma etapa de login, tal qual na internet.
“O primeiro aspecto que precisa ser entendido é que a experiência de assistir TV 3.0 será uma experiência logada. Ou seja, você precisará informar quem você é para acessar os conteúdos. Isso é comum hoje na internet, e milhões de pessoas se logam para ver e ouvir conteúdos pagos e gratuitos”, destaca Raymundo Barros diretor de tecnologia e estratégia da Globo.
TV 3.0 e celular
Outra característica importante da TV 3.0 é sua capacidade de transmitir sinais para dispositivos móveis com robustez e precisão, sem quedas de sinal. Isso significa que os espectadores poderão assistir ao conteúdo de TV com a mesma qualidade, independentemente do dispositivo que estão usando, seja um telefone celular, um tablet ou uma TV.
“Os telespectadores podem ‘ver’ TV onde ele estiver: na rua, no carro, no metrô, em viagem, com qualquer dispositivo ele poderá acessar os conteúdos oferecidos pelas empresas de mídia. Estará tudo disponível em todas as telas que o consumidor quiser”, apontou Barros.
Além disso, a TV 3.0 está buscando integrar plataformas de streaming para oferecer aos usuários uma experiência integrada de TV e internet. Isso sugere que a TV 3.0 não será apenas uma evolução da TV como a conhecemos, mas uma fusão de várias formas de mídia em uma única plataforma.
TV 3.0, Web 3 e Drex
A TV 3.0, representando a evolução da televisão para um modelo mais interativo e sob demanda, está se preparando para se unir à Web 3.0 e à tecnologia blockchain, abrindo caminho para novas possibilidades e mudanças significativas no cenário do entretenimento e da mídia.
A Web 3.0, impulsionada pela tecnologia blockchain, promete um ambiente descentralizado e autônomo. Isso significa que o conteúdo de televisão pode ser distribuído e acessado diretamente pelos espectadores, sem a necessidade de intermediários tradicionais, como redes de televisão ou plataformas de streaming.
Assim, contratos inteligentes baseados em blockchain, com o uso do Drex podem automatizar a distribuição de royalties e pagamentos de direitos autorais, garantindo uma compensação justa para os criadores de conteúdo.
A tecnologia blockchain pode ser usada para garantir a transparência e autenticidade do conteúdo de televisão. Por exemplo, registros imutáveis de blockchain podem ser usados para rastrear a proveniência de vídeos e programas de televisão, garantindo que não sejam adulterados ou falsificados. Isso pode ser especialmente útil para combater a disseminação de notícias falsas e garantir a integridade do jornalismo.
Com a integração da blockchain, os espectadores podem ser recompensados por assistir e interagir com conteúdo de televisão. Por meio de tokens baseados em blockchain, os espectadores podem receber recompensas por assistir a anúncios, participar de pesquisas ou compartilhar conteúdo em redes sociais.
No Drex, contratos inteligentes com micropagamentos e pagamentos diretos entre criadores de conteúdo e espectadores, podem automatizar o processo de pagamento, permitindo que os espectadores paguem apenas pelo conteúdo que desejam assistir, em vez de serem obrigados a assinar pacotes de canais ou serviços de streaming.
Com a combinação da TV 3.0 e a tecnologia blockchain, os algoritmos de recomendação podem se tornar mais precisos e eficazes. Ao analisar o comportamento do espectador de forma transparente e segura através da blockchain, os sistemas de recomendação podem oferecer sugestões de conteúdo mais relevantes e personalizadas.