“Vamos prender todo mundo”, diz secretário da Segurança do RS em meio a saques

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Além do cenário de calamidade causado pelas fortes chuvas, a população do Rio Grande do Sul também enfrenta uma onda de saques em residências, lojas e até ameaças contra socorristas.

Como resposta, o secretário estadual da Segurança Pública do estado, Sandro Caron, disse que as autoridades prenderão todos que praticarem atos de criminalidade.

“A gente tem visto pessoas se praticando furtos, assaltos, arrombamentos neste momento de crise. Mas nós vamos prender todo mundo”, disse em entrevista à Rádio Gaúcha, na terça-feira (7).

Segundo o secretário, foram direcionadas a Brigada Militar e a Polícia Civil para coibir eventuais tentativas de saque, crimes contra o patrimônio e eventual desordem.

Ao falar sobre o tema da segurança pública, durante uma coletiva de imprensa, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse que solicitou o apoio de 400 militares da Força Nacional de Segurança. Nesta quarta-feira (8), os cem primeiros oficiais devem se apresentar para as ações.

Além disso, Leite determinou a abertura de edital do Programa Mais Efetivo, que permite a contratação temporária de policiais que estão na reserva.

Segundo ele, 1.000 agentes serão empregados. O governador explicou que esse efetivo não atua nas ruas, mas em locais que precisam de segurança (como é o caso dos abrigos), liberando outros agentes para irem às ruas.

“Vamos colocar força total para a segurança pública. […] Manteremos a ordem no estado. E vamos prender e dar a consequência para aqueles que usam um momento dramático para aplicar golpes ou praticar crimes. Vamos estar firmes para evitar crimes nessas condições”, disse.

As autoridades têm recebido informações sobre atos criminosos desde o fim de semana.

Em entrevista à CNN, nesta terça-feira, o coronel Márcio de Azevedo Gonçalves, comandante do Comando de Policiamento Metropolitano (CPM) disse que desde o último sábado (4) relatos de saques têm sido feitos por parte de voluntários que auxiliam no resgate de vítimas.

“Imediatamente colocamos policiais militares na água de forma permanente para fazer esse patrulhamento. Conseguimos mitigar esses efeitos. Tivemos prisão de dois indivíduos armados já no domingo”, disse Gonçalves.

Reforço

Na terça-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, autorizou o envio de mais 100 homens da Força Nacional ao Rio Grande do Sul para o reforço na segurança pública.

Ao todo, são 944 servidores federais – entre policiais, policiais rodoviários e os agentes da Força Nacional – que atuam na região. Além dos agentes, as forças também disponibilizaram um amplo efetivo de equipamentos como helicópteros, embarcações de resgate e motos aquáticas.

O reforço para o estado também parte da Polícia Federal (PF). Ontem, a corporação elevou o envio de agentes para o Rio Grande do Sul para atuar na segurança das cidades e de estruturas críticas, principalmente na região metropolitana de Porto Alegre.

Os policiais também vão prestar apoio ao resgate de cidadãos ilhados pelas enchentes.

Entre as estruturas consideradas críticas que a PF irá reforçar a segurança está o aeroporto Internacional Salgado Filho, na capital gaúcha.

A PF também atuará na segurança ostensiva das cidades para evitar crimes e também garantir apoio para voluntários que fazem operações inclusive durante a noite. Entre os setores da corporação, estão os integrantes do Comando de Operações Táticas (COT), que atua com capacitação em gerenciamento de crise.

Segundo a PF, 350 servidores entre policiais e agentes administrativos foram mobilizados para as áreas com enchentes por todo o estado.

Recursos emergenciais

Além dos anúncios sobre a segurança pública, Eduardo Leite também anunciou, durante coletiva na terça-feira, a destinação de R$ 200 milhões em recursos emergenciais para o enfrentamento da crise.

As verbas serão destinadas para áreas como Defesa Civil, Assistência Social, Saúde e Infraestrutura.

Confira os valores:

  • R$ 70 milhões em repasses Fundo a Fundo aos municípios para ações emergenciais;
  • R$ 50 milhões por meio do programa Volta por Cima, beneficiando 20 mil famílias inscritas no CadÚnico;
  • R$ 10 milhões para hospitais atingidos e com necessidades emergenciais;
  • R$ 40 milhões para recuperar e desobstruir estradas;
  • R$ 30 milhões em Aluguel Social, contemplando 75 mil famílias.

Tragédia

O número de mortes confirmadas em decorrência das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a última semana passou de 90 para 95, segundo balanço divulgado pela Defesa Civil no início da noite de terça-feira. Além dos óbitos, o estado contabiliza 372 pessoas feridas e 131 desaparecidas.

Outras quatro mortes estão sob investigação. Ou seja, ainda está sendo apurado se essas pessoas morreram em razão das chuvas ou por outras causas.

Ao todo, 1.443.950 pessoas foram afetadas. Dessas, 159.036 estão desalojadas e 48.799 foram para abrigos temporários.

As tempestades afetaram 401 municípios do Rio Grande do Sul. Segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), o número é quatro vezes maior ao que foi registrado em setembro do ano passado, quando o estado foi atingido pela passagem de um ciclone extratropical. Na ocasião, 54 pessoas morreram.