Réptil que viveu antes dos dinossauros é descoberto no Brasil

Descoberta de fóssil revela o primeiro registro de um grupo chamado de Gracilisuchidae no país. Répteis desse grupo já haviam sido encontrado na Argentina e na China.

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O fóssil de um réptil que viveu antes dos dinossauros foi encontrado no Sul do Brasil. A descoberta foi descrita no periódico científico “Scientific Reports” nesta quinta-feira (20).

Segundo Rodrigo Temp Müller, paleontólogo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e autor do estudo, trata-se de uma nova espécie de um grupo que ainda não havia sido reportado para o Brasil, o Gracilisuchidae.

“Até o momento, o grupo só era conhecido a partir de três espécies, duas da China e uma da Argentina. Esse animal foi um predador de pequeno porte e foi encontrado em uma área onde não tínhamos registros de precursores dos jacarés e crocodilos de pequeno porte. Isso mostra que os ecossistemas que antecederam a origem dos dinossauros foram muito complexos em relação a linhagem que mais tarde originou os jacarés e crocodilos”, contou Müller ao g1.

Fóssil de Parvosuchus aurelioi — Foto: Rodrigo Temp Müller

Antes do surgimento dos dinossauros, os ecossistemas foram dominados por precursores dos mamíferos e répteis de diversas linhagens. Os gracilissuquideos viveram entre 247 e 237 milhões de anos atrás, durante o Período Triássico. Já os dinossauros inequívocos mais antigos foram escavados em camadas com aproximadamente 230 milhões de anos.

O novo fóssil recebeu o nome de Parvosuchus aurelioi. O primeiro nome significa “Crocodilo pequeno”, já que o fóssil pertenceu a um animal que teria atingido apenas 1 metro de comprimento, enquanto que “aurelioi” presta homenagem a Pedro Lucas Porcela Aurélio, que descobriu os materiais fósseis.

Müller relata que o fóssil estava entre os materiais doados. Primeiro, ele observou vértebras da coluna do animal. Depois de algumas horas, partes da cintura pélvica foram reveladas. O momento mais emocionante, segundo ele, foi quando a região da órbita do animal foi revelada.

“Nesse momento ficou claro que o crânio daquele organismo também estava preservado. No total, o fóssil preserva o crânio completo, parte da coluna, a cintura pélvica e os membros posteriores”, completou o paleontólogo . 

Crânio de Parvosuchus aurelioi durante a preparação — Foto: Janaína Brand Dillmann
Fóssil de Parvosuchus aurelioi — Foto: Janaína Brand Dillmann
Paleontólogo Rodrigo Temp Muller segurando o fóssil de Parvosuchus aurelioi — Foto: Janaína Brand Dillmann