Pesquisadores de uma universidade brasileira criaram um andador robótico que facilita e torna mais lúdico o processo de reabilitação para pacientes com dificuldade de locomoção.
A ideia foi combinar elementos do mundo real com a realidade virtual, para assegurar a permanência dos pacientes até o fim da reabilitação. O vWalker, como é chamado, ainda fornece dados em tempo real sobre os pacientes para o profissional de saúde que o acompanha.
Em uma sala completamente vazia, os pesquisadores conseguem recriar cenários com obstáculos. Assim, ao mesmo tempo que desafiam os usuários a depositarem diferentes forças para mover o andador, evitam acidentes que poderiam ocorrer com obstáculos reais.
Permanência na reabilitação
Um grande desafio para os profissionais de saúde é conseguir manter os pacientes engajados na reabilitação.
O processo, que não é fácil e pode ser bem duradouro, vai se tornando desafiante a cada dia.
À medida que o tempo passa, aumenta também a chance do usuário acabar desistindo da reabilitação.
Nesse sentido, o Laboratório de Telecomunicações da Universidade Federal do Espírito Santo, em parceria com o Laboratórios HCS, desenvolveu um elemento lúdico e interativo.
Realidade virtual
Para Fabiana Santos, pesquisadora de Pós-Doutorado do HCS, a realidade virtual vem para somar na reabilitação.
“Com a realidade virtual eu consigo fazer com que essa, por exemplo, reabilitação, que é dolorosa e tediosa, seja mais divertida. A gente coloca elementos lúdicos para que ele aprenda a utilizar e goste de utilizar também”.
A pesquisadora conta ainda que, ao simular os ambientes virtuais, é possível evitar objetos reais, que podem acabar causando acidentes.
Isso não significa que os objetos reais também não aparecem no mundo virtual. Na pesquisa, é possível inserir parte da sala na virtualidade, fazendo uma mistura entre os dois mundos.
Testes com três caminhos
E para validar toda essa inovação, os pesquisadores fizeram testes com 3 caminhos.
O primeiro era o mais simples e o usuário precisava andar com o andador em linha reta. Já o segundo tinha o formato do símbolo do infinito e o objetivo era observar como os pacientes fariam curvas com o protótipo.
Já o último era uma mistura dos dois primeiros, mas com o diferencial que o grupo usou a realidade virtual para simular diferentes terrenos.
No terreno de areia, por exemplo, os pacientes sentiam o andador ficar mais pesado, diferente de uma área “lisa”, onde o objeto se deslocava com maior facilidade.
Interface acessível
Com tantos sensores instalados, uma dúvida do grupo foi se os usuários, principalmente os idosos, sentiriam dificuldade em usar o protótipo.
“A nossa preocupação começou a ir no sentido de “será que o paciente vai conseguir compreender como a estratégia de controle funciona?”, explicou Anselmo Frizera, coordenador do projeto e professor da Ufes.
Para isso, o grupo recorreu mais uma vez à realidade virtual. “A ideia foi desenvolver uma interface de realidade virtual que ajudasse no treinamento dessas pessoas”, explicou.
Projeto multidisciplinar
Outro diferencial do projeto é a multidisciplinaridade. O grupo não era formado apenas por engenheiros, mas envolvia profissionais de diferentes formações: Engenharia Elétrica, Fisioterapia, Educação Física e Engenharia de Computação.
“É de extrema importante que a gente tenha profissionais da saúde alinhados com que a gente quer fazer”, disse Fabiana.
Segundo a pesquisadora, a integração de diversas áreas do conhecimento possibilita avançar ainda mais em caminhos positivos e ajuda melhor a entender as demandas do público alvo.