Na entrevista que concedeu à coluna nesse domingo (18/8), o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, analisou a crise na Venezuela, que se arrasta há anos e passa atualmente por um dos momentos mais tensos, com uma eleição presidencial fortemente questionada após ser declarada a vitória do ditador Nicolás Maduro. Assista aqui à íntegra da entrevista.
Barroso classificou a situação venezuelana como “desastre humanitário”, criticou o alinhamento ideológico da esquerda brasileira a Maduro e lembrou a “captura total” da Suprema Corte da Venezuela pelo regime chavista, citada em seu novo livro “Inteligência Artificial, Plataformas Digitais e Democracia — Direito e Tecnologia no Mundo Atual”.
Assista abaixo e leia o trecho em que o ministro fala sobre a Venezuela:
“Em um dos capítulos [do livro], eu descrevo o papel das Supremas Cortes em diferentes partes do mundo e um pouco onde elas conseguiram resistir ao processo autoritário e onde elas não conseguiram. Os exemplos de derrotas são múltiplos. Os mais recentes foram na Hungria, na Polônia, na Turquia, Venezuela, Nicarágua, exemplos de derrotas fragorosas. Na Venezuela houve uma captura total da Suprema Corte desde o período do Chavez, com mudança de regras, ameaças de impeachment, o que a gente chama de empacotamento da Corte, hoje em dia uma Corte totalmente submissa.”
“Até me surpreendo quando as pessoas discutem se a Venezuela é de direita ou de esquerda. Venezuela não é uma coisa nem outra, é só um desastre humanitário. Nunca entendi bem por que a esquerda brasileira se amarrou no mastro desse naufrágio que é a Venezuela. A vida, na minha visão, gravita também em função de certo e errado, e não de alinhamentos ideológicos apenas. É claro que se pode ter alinhamentos ideológicos, mas há premissas anteriores, que são integridade, seriedade, o certo e o errado. ‘Ah, não, mas a Venezuela é alinhada ao sul global.’ Sinto muito, a Venezuela é um desastre humanitário que faz mal ao povo da Venezuela. Não pode ser progressista um regime em que as pessoas estão indo embora, fugindo, desesperadas, para o Brasil. Na Venezuela houve uma captura da Suprema Corte, na Hungria houve uma captura”.