Cercado por uma nova elite econômica, incluindo Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos, Trump promete uma guinada conservadora sem precedentes.
Cercado por uma nova elite econômica, incluindo Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos, Trump promete uma guinada conservadora sem precedentes.

A Ascensão do Ultraconservadorismo e os Riscos para a Democracia Global

A história registra diversos momentos em que governantes ascenderam ao poder com apoio popular, apenas para implementar políticas que corroeram valores democráticos e direitos fundamentais.

No atual cenário global, o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, aliado a uma agenda de extrema direita e ao apoio de influentes figuras como Elon Musk e Javier Milei, suscita preocupações sobre o futuro da ordem democrática mundial.

Donald Trump Retorna ao Poder

Nesta segunda-feira (20), Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos, após uma derrota eleitoral em 2020. Durante os últimos anos, ele enfrentou condenações criminais e atentados contra sua vida, mas conseguiu uma vitória expressiva contra Kamala Harris em 2024. Cercado por uma nova elite econômica, incluindo Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos, Trump promete uma guinada conservadora sem precedentes.

Trump pretende implementar um volume recorde de decretos no primeiro dia de governo, com medidas que incluem restringir direitos do movimento LGBT, acabar com programas de diversidade, limitar o acesso das mulheres aos direitos reprodutivos e desmontar leis ambientais. Há também a promessa de restabelecer o uso do petróleo como fonte principal de energia, retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris e intensificar o controle migratório com deportações em massa e fechamento de fronteiras.

A declaração de uma emergência nacional está sendo discutida como uma ferramenta para aumentar os poderes presidenciais, driblando negociações com o Congresso.

Tal abordagem, apesar de legalmente controversa, reflete uma visão autoritária que desperta preocupações entre ativistas e grupos de direitos humanos.

A Influência de Líderes Internacionais: Milei e Bukele

O novo governo de Trump demonstra admiração por líderes como Javier Milei, presidente da Argentina, e Nayib Bukele, de El Salvador. Milei, conhecido por sua “motosserra” metafórica, reduziu drasticamente o tamanho do Estado argentino, eliminando ministérios e implementando políticas de austeridade que, embora tenham reduzido a inflação, ampliaram a pobreza.

Por outro lado, Bukele é elogiado por sua duração contra o crime organizado, que inclui um estado de exceção prolongado e encarceramento em massa. Ambos os líderes servem como inspiração para Trump, que busca consolidar uma rede de governantes alinhados com sua agenda ultraconservadora.

Impactos no Brasil e no Mundo

No Brasil, o retorno de Trump à Casa Branca traz desafios significativos. Sua política tarifária, já anunciada, pode incluir barreiras comerciais severas contra países do BRICS, grupo do qual o Brasil faz parte. Essas tarifas ameaçam a competitividade de produtos brasileiros no mercado internacional e podem agravar a volatilidade do câmbio.

Outro ponto de tensão é a relação entre Trump e o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro.

O bilionário Elon Musk, aliado de Trump, criticou publicamente decisões judiciais brasileiras relacionadas à regulação das redes sociais. Essa posição é ecoada por parlamentares conservadores nos EUA, que pressionam para que medidas punitivas sejam tomadas contra ministros do STF.

No campo ambiental, Trump deve repetir sua retirada do Acordo de Paris, reduzindo o compromisso dos EUA com a luta contra as mudanças climáticas. Essa decisão, somada à negligência de Trump em relação à Amazônia, pode enfraquecer o papel do Brasil como líder global em sustentabilidade.

O Papel da Tecnologia e das Redes Sociais

A coligação de Trump com bilionários como Musk e Zuckerberg também aponta para uma desregulamentação agressiva das redes sociais. Essa abordagem contraria iniciativas de regulação adotadas em países europeus e na América Latina, deixando espaço para a proliferação de desinformação e discursos polarizadores.

Um Futuro Incerto

O cientista político Steven Levitsky, autor de Como as Democracias Morrem, alertou que os Estados Unidos podem caminhar para um regime autoritário competitivo sob Trump. Essa tendência também influencia líderes em outros países, encorajando posturas antidemocráticas. No Brasil, o impacto dessa influência pode ser visto na polarização crescente e nos desafios às instituições democráticas.

O retorno de Trump é um lembrete de que a democracia não é garantida. Governos, sociedades civis e indivíduos devem permanecer vigilantes para proteger os valores democráticos diante de ameaças crescentes.