Ararinhas-azuis são reintroduzidas no Brasil para repovoar habitat natural na Bahia
Na última terça-feira, 28 de janeiro, 41 ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) desembarcaram no Aeroporto de Petrolina, Pernambuco, após uma longa viagem desde Berlim, na Alemanha. A chegada das aves faz parte de um importante projeto de conservação coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Blue Sky Serviços Administrativos LTDA e o Ibama. O objetivo é repovoar a região de Curaçá, na Bahia, habitat natural das ararinhas-azuis.
A escolha do Aeroporto de Petrolina para a chegada das aves foi estratégica, já que o local está próximo ao destino final das ararinhas. Isso minimizou o tempo de transporte e o estresse dos animais durante o processo. A importação das aves foi autorizada pela Receita Federal, seguindo o artigo 26 do Regulamento Aduaneiro, já que o aeroporto não é alfandegado.
A operação de transporte contou com a participação de várias instituições, incluindo Receita Federal, Ibama, ICMBio, Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro/PE) e CCR Aeroporto. Essa colaboração foi fundamental para o sucesso da missão, que representa mais um passo importante na recuperação da espécie.
As ararinhas-azuis foram declaradas extintas na natureza na década de 1990. No entanto, desde 2020, o projeto tem reintroduzido as aves em seu habitat. Naquele ano, 52 aves foram trazidas do exterior, e em 2022, 20 delas foram reintroduzidas na caatinga de Curaçá. A chegada dessas 41 novas aves reforça o compromisso das autoridades ambientais com a preservação de espécies ameaçadas.
Além de garantir a segurança das aves durante a reintrodução, o projeto também trabalha no manejo sustentável do habitat. A região de Curaçá conta com ações de recuperação ambiental, combate a atividades predatórias e monitoramento constante das condições ecológicas. Especialistas destacam que a presença das ararinhas-azuis pode trazer benefícios a toda a cadeia ecológica local, ajudando a restabelecer o equilíbrio do ecossistema da caatinga.
A participação das comunidades locais também tem sido crucial. Moradores da região receberam treinamento e orientações sobre a importância da preservação das ararinhas-azuis. Essa aproximação ajuda a reduzir riscos de caça, tráfico e outras ameaças, além de criar oportunidades de turismo sustentável, que gera renda para a população local.
O retorno das ararinhas-azuis ao sertão da Bahia não é apenas um avanço para a espécie, mas também um símbolo de resiliência ambiental. A recuperação do seu habitat é essencial para o sucesso do projeto, que se tornou referência em conservação ambiental no Brasil e no mundo.
Em 2018, a ONG BirdLife classificou a ararinha-azul como extinta na natureza. Agora, graças a esse esforço conjunto, o futuro da espécie ganha uma nova esperança. O desafio, segundo especialistas, será garantir que essas aves se adaptem e se reproduzam em liberdade, assegurando a continuidade da espécie para as futuras gerações.