Mais de 38 mil internações por câncer de ânus ocorreram no Brasil em 10 anos. Veja como prevenir e tratar a doença.
Mais de 38 mil internações por câncer de ânus ocorreram no Brasil em 10 anos. Veja como prevenir e tratar a doença.

Nos últimos dez anos, o Brasil registrou mais de 38 mil internações por câncer de ânus e do canal anal no Sistema Único de Saúde (SUS). Embora seja considerado raro, ele representa entre 1% e 2% de todos os tumores colorretais. Mesmo assim, a doença causou mais de seis mil mortes entre 2015 e 2023. Os dados são do Ministério da Saúde e foram divulgados pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP).

Sintomas do câncer de ânus: o que você precisa saber

O câncer anal pode não apresentar sintomas claros no início. Muitas vezes, sinais como sangramento, dor, coceira ou presença de nódulos são confundidos com problemas menos graves, como hemorroidas. Isso faz com que o diagnóstico seja frequentemente atrasado, o que dificulta o tratamento eficaz.

“Em muitos pacientes ocorre sangramento, que pode ser confundido com hemorroidas. Apesar disso, hemorroidas não são causa de câncer. Outras condições, como fissuras, fístulas e verrugas anais, também podem gerar sangramento. Por isso, ao perceber esses sinais, é essencial procurar um coloproctologista”, explica Sergio Alonso Araújo, presidente da SBCP.

Confusão com hemorroidas atrasa diagnóstico do câncer anal

As hemorroidas são caracterizadas pela dilatação das veias no ânus e no reto, o que provoca desconforto e sangramentos. Já o câncer de ânus, por ser silencioso, necessita de atenção redobrada. Consultar um especialista ao menor sinal incomum é fundamental para um diagnóstico precoce.

Vacinação contra HPV e preservativo ajudam na prevenção

A prevenção é um dos pilares no combate ao câncer de ânus. A vacinação contra o HPV (papilomavírus humano) e o uso de preservativo durante relações sexuais são medidas essenciais. O HPV é transmitido pelo contato sexual e pode permanecer no organismo sem apresentar sintomas por muitos anos. Quando não controlado, o vírus pode causar lesões precursoras do câncer.

Esse tipo de câncer também está associado a outras condições de saúde e hábitos de risco, como:

  • Infecções sexualmente transmissíveis (IST), incluindo condilomatose, gonorreia e herpes genital;
  • Sexo anal desprotegido;
  • Tabagismo;
  • Fístula anal crônica;
  • Sistema imunológico enfraquecido, como em pacientes que passaram por transplantes;
  • Higiene inadequada e irritação constante na região anal.

Diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso no tratamento

De acordo com Ana Sarah, coloproctologista, o câncer anal pode ser tratado de forma eficaz quando detectado precocemente. As opções incluem radioterapia, quimioterapia e cirurgia.

“Os dados nacionais e internacionais, como dos Estados Unidos, mostram um aumento na incidência de câncer de ânus nas últimas décadas. É essencial que a população seja conscientizada sobre os riscos e a importância da prevenção e do diagnóstico precoce”, conclui a especialista.