Em outubro de 2024, 12 pacientes que participaram de um mutirão de cirurgias de catarata no Ambulatório de Especialidades Médicas (AME) de Taquaritinga, no interior de São Paulo, sofreram complicações graves, incluindo a perda total ou parcial da visão. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) iniciou uma investigação para apurar as causas do incidente, enquanto a Polícia Civil abriu um inquérito.
Neste artigo, exploramos o que aconteceu, as consequências para os pacientes e as medidas que as autoridades estão tomando.
O Caso: Cirurgia de Catarata no AME de Taquaritinga
No dia 21 de outubro de 2024, 23 pacientes passaram por cirurgias de catarata no AME de Taquaritinga, unidade de saúde administrada pela Organização Social de Saúde (OSS) Grupo Santa Casa de Franca. Após os procedimentos, 12 pacientes relataram sérios problemas de visão, como dor intensa, vermelhidão e infecções graves. Alguns até correram o risco de perder a integridade ocular. A situação gerou indignação entre as vítimas e seus familiares, que buscam respostas e compensações pelos danos.
O Que é a Cirurgia de Catarata?
A catarata ocorre quando o cristalino do olho perde a transparência, prejudicando a visão. A cirurgia de catarata, uma das mais realizadas no mundo, consiste na remoção do cristalino opaco e na substituição por uma lente intraocular artificial.
Embora o procedimento seja geralmente seguro e com complicações raras, erros durante a cirurgia, como o uso inadequado de substâncias ou materiais não esterilizados, podem resultar em complicações graves, como infecções e danos permanentes à visão.
Sintomas e Complicações Pós-Operatórias
Após a cirurgia, muitos pacientes começaram a relatar dor intensa e visão embaçada, alguns ainda no centro cirúrgico. Nos dias seguintes, os sintomas pioraram. Contudo, os profissionais de saúde tranquilizaram os pacientes, informando que o quadro era normal e que a recuperação total ocorreria em até três meses.
Entretanto, com o tempo, os pacientes não tiveram melhora significativa. A situação se agravou, levando-os a buscar outros centros de referência, como a Santa Casa de Araraquara e o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Em alguns casos, confirmou-se que a perda de visão era irreversível.
O Que Causou o Problema?
Apesar das dúvidas iniciais, a investigação interna do Grupo Santa Casa de Franca revelou um erro no protocolo assistencial durante o preparo cirúrgico. Esse erro afetou exclusivamente os 12 pacientes operados no dia 21 de outubro. Como resultado, todos os profissionais envolvidos foram afastados, e medidas corretivas foram adotadas para evitar a repetição do incidente.
Além disso, a Secretaria Estadual de Saúde identificou falhas na sala de esterilização do AME, o que levou à interdição da área e à suspensão das cirurgias.
O Impacto nas Vítimas: Depoimentos de Dor e Frustração
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Os pacientes afetados relatam impactos devastadores em suas vidas. Além da perda de visão, muitos enfrentam dificuldades financeiras, emocionais e físicas. Eles agora dependem de familiares para realizar tarefas simples do dia a dia. Entre os relatos, destacam-se os de pacientes que perderam completamente a independência e a capacidade de trabalhar. Mauri Guarnieri, por exemplo, perdeu sua renda e agora vive sem emprego após a cirurgia.
O Que Esperam as Vítimas?
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Os pacientes afetados exigem explicações e compensações pelos danos sofridos. Carlos Augusto Rinaldi, um dos pacientes, registrou boletim de ocorrência e iniciou um processo para receber indenização por danos morais e pensão vitalícia. Maria de Fátima Garcia Chiari, que perdeu a visão de um olho, lamenta a demora no diagnóstico e no tratamento, o que resultou em danos irreversíveis à sua saúde ocular.
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Medidas Tomadas pelas Autoridades
A Secretaria Estadual de Saúde e o Ministério Público acompanham de perto o caso. O MP-SP abriu uma investigação para apurar as responsabilidades, enquanto a Secretaria de Saúde forneceu assistência contínua aos pacientes, incluindo tratamentos e acompanhamento no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. O Grupo Santa Casa de Franca também encaminhou os pacientes para unidades de referência e anunciou que implementará mudanças nos protocolos de segurança
O Que Diz o Governo de SP?
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Em uma declaração recente, o governador Tarcísio de Freitas classificou o incidente como “pontual” e afirmou que a Organização Social responsável será responsabilizada. Ele também destacou que o governo está avaliando a possibilidade de oferecer uma indenização administrativa às vítimas.