Declaração polêmica de Alejandro Dominguez gera indignação
Declaração polêmica de Alejandro Dominguez gera indignação

Os Ministérios do Esporte, da Igualdade Racial e das Relações Exteriores divulgaram uma nota oficial repudiando as declarações do presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Dominguez. Durante uma entrevista após o sorteio dos grupos da Copa Conmebol Libertadores 2025, Dominguez afirmou que a competição sem clubes brasileiros seria como “Tarzan sem Chita”.

A declaração foi uma resposta às críticas de dirigentes brasileiros, como a presidente do Palmeiras, Leila Pereira. Eles sugeriram que os clubes do Brasil deveriam reconsiderar sua participação nos torneios da Conmebol devido à falta de medidas efetivas contra o racismo no futebol sul-americano.

Contexto e repercussão

A polêmica ocorre em um momento de crescente pressão sobre a Conmebol para combater o racismo no futebol. No último dia 6 de março, torcedores do Cerro Porteño, do Paraguai, fizeram gestos racistas contra os jogadores do Palmeiras, Luighi e Figueiredo. O caso ganhou grande repercussão, mas as punições aplicadas foram consideradas brandas.

Diante disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou apoio aos jogadores e cobrou ações da Conmebol, da CBF e da FIFA. “Todo apoio ao nosso jovem Luighi, do Palmeiras, vítima de ato racista no Paraguai. O futebol significa trabalho coletivo, superação e respeito. Racismo significa o fracasso da humanidade. Basta de ódio disfarçado de rivalidade. A FIFA, a Conmebol e a CBF precisam agir, e os culpados devem ser exemplarmente responsabilizados”, declarou Lula.

Nota oficial do governo brasileiro

Confira a íntegra da nota conjunta divulgada pelos Ministérios do Esporte, da Igualdade Racial e das Relações Exteriores:

“O governo brasileiro repudia, nos mais fortes termos, as declarações do Presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Dominguez, na noite de ontem, 17 de março, em entrevista à imprensa após cerimônia de sorteio da fase de grupos dos torneios promovidos pela entidade.

As declarações ocorrem em um contexto de falhas constantes da Conmebol em adotar medidas efetivas para prevenir e evitar a repetição de atos de racismo. Além disso, a entidade não implementou punições adequadas para responsabilizar os envolvidos nesses atos.

O governo brasileiro exorta a Conmebol e as Federações Nacionais de Futebol da América do Sul a atuarem de forma decisiva para coibir e reprimir atos de racismo, discriminação e intolerância. Além disso, pede a promoção de políticas de igualdade racial e o aumento da participação de afrodescendentes, imigrantes e outros grupos vulneráveis no esporte.

O governo brasileiro reitera seu compromisso com iniciativas de combate ao racismo e de promoção da igualdade racial, incluindo medidas contra qualquer tipo de discriminação nas diversas modalidades esportivas.”

Impacto e próximos passos

O caso reforça a crescente insatisfação dos clubes brasileiros com a Conmebol. Isso levanta um debate sobre a necessidade de punições mais severas contra atos racistas no futebol sul-americano. A pressão pode resultar em mudanças nas políticas disciplinares e na adoção de regras mais rígidas para combater a discriminação nos estádios.

A Conmebol ainda não se manifestou oficialmente sobre a posição do governo brasileiro. No entanto, o tema deve permanecer em evidência nos próximos meses, especialmente com a aproximação da Libertadores 2025 e a possível ameaça de boicote por parte dos clubes brasileiros.