Trump Pressiona por Novo Acordo Nuclear com o Irã

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou nesta segunda-feira (31) que os Estados Unidos sofreriam um “golpe recíproco” caso concretizassem a ameaça feita por Donald Trump de bombardear o país. A ameaça, segundo Trump, seria executada se o Irã não aceitasse um novo acordo nuclear com Washington.

Ainda no domingo (30), Trump reforçou que o Irã teria um prazo de dois meses para responder a uma proposta enviada por carta no início de março. Essa carta buscava reabrir negociações, sob a condição de que Teerã aceitasse os termos definidos pelos EUA.

“A inimizade dos EUA e de Israel sempre existiu. Eles nos ameaçam com ataques, o que achamos improvável, mas, se cometerem qualquer maldade, certamente receberão um forte golpe recíproco”, afirmou Khamenei.

Líder Iraniano Rejeita Interferência e Desestabilização Interna

Além disso, o aiatolá foi enfático ao alertar contra possíveis tentativas de desestabilizar o país, mencionando episódios recentes de protestos internos:

“Se estiverem pensando em causar desordem dentro do país como nos últimos anos, o próprio povo iraniano saberá como lidar com isso”, completou.

Essa declaração faz referência às revoltas populares de 2022 e 2023, motivadas pela morte de Mahsa Amini — uma jovem detida por supostamente violar as regras do hijab — e aos protestos de 2019, desencadeados pelo aumento dos preços dos combustíveis.

Irã Responde aos EUA, mas Rejeita Diálogo Direto

Na última semana, o Irã respondeu oficialmente à carta americana. Conforme afirmou o presidente iraniano Masoud Pezeshkian, o país não está disposto a negociar diretamente com Washington, embora aceite manter conversas indiretas, conforme orientação de Khamenei.

Essa posição demonstra cautela do governo iraniano, que parece buscar uma alternativa diplomática sem ceder totalmente à pressão dos EUA.

Histórico de Tensão: Acordo Nuclear de 2015 e Sanções

É importante lembrar que, durante seu primeiro mandato, Donald Trump retirou os EUA do acordo nuclear de 2015, que havia sido assinado entre o Irã e várias potências mundiais. Esse acordo impunha restrições severas ao programa nuclear iraniano em troca do alívio de sanções econômicas.

Contudo, após a retirada americana, Trump reimpôs sanções abrangentes, o que levou Teerã a ultrapassar os limites do pacto, sobretudo no enriquecimento de urânio.

Programa Nuclear: Energia Civil ou Armas?

Desde então, os países ocidentais passaram a acusar o Irã de utilizar seu programa nuclear como fachada para o desenvolvimento de armas atômicas, devido ao alto grau de pureza alcançado no processo de enriquecimento de urânio. Por outro lado, o governo iraniano insiste que o objetivo é unicamente a produção de energia nuclear civil.

Essa divergência segue sendo um dos principais impasses nas negociações e contribui para a constante tensão no cenário geopolítico do Oriente Médio.