Entregadores de aplicativos como iFood seguem mobilizados nesta terça-feira (1º de abril) em diversas cidades do Brasil. O movimento, que tem crescido a cada dia, denuncia a precarização do trabalho e exige, com urgência, melhorias nas condições de atuação e na remuneração da categoria.
Protestos em São Paulo e Prisões no Rio de Janeiro
Em São Paulo, os entregadores protestaram em frente à sede do iFood. Como resposta, a empresa recebeu representantes do movimento em sua unidade de Osasco para discutir as principais reivindicações.
No entanto, o clima no Rio de Janeiro foi mais tenso. A Polícia Militar foi acionada durante um protesto na zona norte da capital. Conforme relatos, alguns entregadores alegaram que estavam sendo impedidos de trabalhar pelos manifestantes. Por consequência, a Polícia Civil encaminhou 13 pessoas à delegacia, sendo que seis delas foram autuadas por associação criminosa e atentado contra a liberdade de trabalho.
Reivindicações Claras e Objetivas dos Entregadores
O movimento apresenta demandas diretas e consideradas fundamentais para melhorar a rotina dos profissionais. Entre os principais pedidos, destacam-se:
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Taxa mínima de R$ 10 para corridas de até 4 km;
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Pagamento de R$ 2,50 por km rodado;
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Limitação de 3 km para entregas realizadas por bicicleta;
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Remuneração integral por cada pedido, mesmo em entregas agrupadas na mesma rota.
Além disso, o Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas de São Paulo (Sindimotosp) afirma que os trabalhadores enfrentam jornadas extensas e baixa remuneração. Dessa forma, muitos não conseguem arcar com despesas básicas nem investir em itens de segurança. O sindicato também ressalta que, em casos de acidente ou óbito, os aplicativos deixam de oferecer suporte adequado.
Impacto Significativo da Paralisação no Setor de Alimentação
A paralisação, conhecida como Breque dos Apps, teve efeitos imediatos e expressivos no setor de bares e restaurantes, especialmente entre os que dependem exclusivamente do iFood.
De acordo com a Abrasel SP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes):
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Estabelecimentos que operam apenas com iFood relataram queda total nas entregas (100%);
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Restaurantes que utilizam múltiplas plataformas registraram perdas entre 70% e 80%;
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Já aqueles com frota própria de entregadores observaram aumento de até 50% na demanda.
Portanto, a paralisação evidenciou a vulnerabilidade dos estabelecimentos que dependem exclusivamente dos aplicativos.
Posicionamento do iFood: Empresa Inicia Diálogo com Entregadores
O iFood afirmou que está monitorando as manifestações e, ao mesmo tempo, mantendo sua operação regular. Segundo a empresa, cerca de 60% dos pedidos realizados na plataforma já são entregues por restaurantes parceiros.
“Nos reunimos com nove representantes do movimento na tarde de segunda-feira (31), em nossa sede, em Osasco. Durante o encontro, debatemos as demandas e acordamos que vamos apresentar respostas em breve”, destacou a empresa em nota oficial.
Mobilização no Distrito Federal Reúne Milhares de Entregadores
No Distrito Federal, cerca de 1.500 entregadores aderiram ao protesto, de acordo com o Sindicato dos Motociclistas Profissionais de Brasília (Sindimoto-DF). As manifestações ocorreram na Esplanada dos Ministérios e nos principais shoppings da capital federal.
Segundo Luiz Carlos Garcia Galvão, presidente da entidade, a adesão representa aproximadamente 70% da categoria. Conforme ele explicou, a escolha da data não foi aleatória:
“Organizamos o ato para o 1º de abril, Dia da Mentira, como forma de denunciar as inverdades divulgadas pelas empresas de aplicativo. Elas dizem que atenderam nossas demandas, mas isso não condiz com a realidade. Por isso, pedimos que o governo federal atue como mediador”.
Apoio Crescente de Comerciantes e da Sociedade
Mesmo com os prejuízos causados pela paralisação, muitos empresários do setor de alimentação demonstraram apoio à causa. Segundo o Sindimoto-DF, diversos estabelecimentos compreendem que a valorização dos entregadores é essencial para manter o sistema de delivery sustentável.
Ainda assim, o sindicato reconhece que há desafios pela frente. Contudo, acredita que o movimento já deu um passo importante ao abrir diálogo com empresas e atrair a atenção do poder público.