Samara Felippo viraliza ao denunciar invisibilidade materna: “Pai tem foto, mãe tem selfie”
A atriz Samara Felippo gerou forte repercussão nas redes sociais ao compartilhar, nesta semana, uma reflexão sobre o papel das mães no cotidiano — e nas imagens que registram esse cotidiano. Em uma publicação com selfies ao lado das filhas, a artista levantou um ponto muitas vezes ignorado, mas extremamente simbólico: por que as mães quase nunca aparecem nas fotos espontâneas da família?
“Pai tem foto, mãe tem selfie”, escreveu Samara, chamando a atenção para o fato de que, na maioria das vezes, são as próprias mães que registram os momentos — e quase nunca são registradas por outras pessoas.
O desabafo viralizou e deu início a um debate acalorado entre mães que se identificaram com a situação. Uma seguidora comentou: “Sonho com uma mísera foto bonita em um momento corriqueiro qualquer”. Outra completou: “A mãe tem selfie porque somos sempre nós, sozinhas, com as crianças”.
Invisibilidade materna não é novidade
Embora o tema esteja ganhando mais visibilidade nas redes sociais, a invisibilidade materna é uma questão recorrente. Em 2018, a jornalista australiana Kellie Scott já havia feito um alerta semelhante. Mesmo passando o tempo inteiro com o filho recém-nascido, ela notou que praticamente não aparecia em nenhuma das fotos da família.
“Com tanto do nosso papel não reconhecido, estar ausente das fotos é apenas mais um chute no estômago”, escreveu Kellie em artigo publicado na imprensa australiana.
O peso simbólico da ausência nas fotos
Para a especialista em comportamento humano Fernanda Paiva, fundadora do Instituto Diálogos, o apagamento visual das mães é reflexo direto da sobrecarga materna — uma sobrecarga que é física, emocional e simbólica.
— A mulher tenta equilibrar carreira, filhos, vida pessoal e ainda sente que está sempre devendo. Essa culpa constante é fruto de uma cultura que exige perfeição feminina em todas as frentes — afirma Fernanda.
Ela também pontua que o fato de as mães não estarem nas fotos representa algo mais profundo: a mulher é vista mais como função do que como presença.
— A ausência das mães nas imagens mostra como elas são colocadas em um lugar funcional. Costumo dizer que, quando nasce uma mãe, nasce uma culpada. A culpa materna é introjetada por padrões culturais, não é natural — conclui a especialista.
Um chamado à empatia
Ao final da publicação, Samara Felippo faz um apelo simples, mas poderoso: empatia. Ela propõe um gesto que pode mudar esse cenário invisível.
“Quando avistar uma mãe tirando uma selfie sozinha com seu filho, com gentileza pergunte se ela quer um registro.”