Obesidade é uma doença crônica e epidêmica
Durante uma sessão solene na Câmara dos Deputados, realizada na terça-feira (18), parlamentares e especialistas alertaram sobre os riscos crescentes da obesidade. A discussão ocorreu em referência ao Dia Mundial da Obesidade, comemorado em 4 de março.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é uma condição crônica e multifatorial, capaz de provocar doenças graves como diabetes tipo 2, hipertensão, câncer e problemas cardiovasculares. Além disso, ela afeta pessoas de todas as idades e classes sociais, o que amplia ainda mais a sua complexidade.
Dados alarmantes sobre obesidade no Brasil
O deputado Sargento Portugal (Pode-RJ) presidiu a sessão e apresentou dados preocupantes do Atlas Mundial da Obesidade. De acordo com ele, um em cada cinco brasileiros enfrenta o excesso de peso, e essa proporção tende a crescer com o tempo.
“Até 2035, o Brasil poderá ter 127 milhões de adultos com IMC elevado, e cerca de 50% das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos estarão com sobrepeso ou obesidade”, afirmou o parlamentar.
Além disso, o deputado destacou que, apenas em 2019, o país registrou mais de 177 mil mortes causadas por doenças relacionadas à obesidade, como diabetes, AVC e câncer.
Prevenção da obesidade precisa começar na infância
A OMS recomenda a implementação de ações preventivas desde os primeiros anos de vida. Tais medidas envolvem:
- Promoção de hábitos alimentares saudáveis;
- Incentivo à prática regular de atividades físicas;
- Criação de ambientes favoráveis ao bem-estar e à saúde.

O deputado Dr. Zacharias Calil (União-GO) reforçou essas recomendações. Ele afirmou que a obesidade não se resume a uma questão estética. Pelo contrário, trata-se de um grave problema de saúde pública que exige atenção imediata.
“Precisamos de políticas públicas efetivas que ampliem campanhas de prevenção, regulem a publicidade de alimentos ultraprocessados, principalmente os direcionados às crianças, e promovam ambientes saudáveis”, declarou o deputado.
Por isso, ele defende ações integradas que envolvam não só o governo, mas também escolas, comunidades e empresas.
Sistema de saúde ainda oferece tratamento limitado

A médica Lívia Lugarinho Correia de Mello, endocrinologista convidada, destacou que a cirurgia bariátrica é atualmente a única alternativa oferecida pelo SUS para tratar a obesidade.
Contudo, ela considera que esse recurso, embora relevante, é insuficiente para enfrentar uma doença tão complexa. Além disso, a obesidade demanda abordagens variadas e personalizadas.
Segundo a especialista, é necessário combinar diferentes estratégias de tratamento, como medicamentos específicos, orientação nutricional e apoio psicológico.
“A obesidade tem causas genéticas, ambientais e comportamentais. Portanto, o tratamento também deve ser variado. A associação de remédios com orientações não medicamentosas aumenta as chances de sucesso no longo prazo”, explicou.
Como consequência, os gastos com obesidade e suas complicações podem representar até 3,3% do PIB global nos próximos dez anos, caso não haja intervenções eficazes.
Estigma dificulta o tratamento da obesidade

O presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO), Fábio Trujilho, enfatizou a necessidade de combater o preconceito contra pessoas com obesidade. Esse estigma, segundo ele, impede muitos brasileiros de buscar ajuda médica, o que agrava o quadro.
Trujilho revelou dados impactantes:
- 31% da população brasileira vive com obesidade;
- 68% dos adultos estão acima do peso ideal.
“Quando o preconceito entra em cena, a pessoa se sente desmotivada ou envergonhada para procurar tratamento. Por isso, precisamos promover empatia e acolhimento”, destacou.
Parlamentares se unem por políticas de combate à obesidade
Além de Sargento Portugal e Dr. Zacharias Calil, participaram da organização da sessão solene os deputados:
- Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP)
- Fernanda Pessoa (União-CE)
- Flávia Morais (PDT-GO)
- Geraldo Resende (PSDB-MS)
- Gilberto Abramo (Republicanos-MG)
- Laura Carneiro (PSD-RJ)
- Lucio Mosquini (MDB-RO)
Juntos, eles reforçaram a importância de tratar a obesidade como uma prioridade nacional. Dessa forma, propuseram ações integradas de prevenção, tratamento, educação e combate ao estigma.
Obesidade exige resposta urgente e coordenada
A obesidade já ultrapassou os limites de um problema individual e se tornou uma ameaça coletiva à saúde pública no Brasil e no mundo. Portanto, é essencial adotar estratégias conjuntas entre governo, profissionais de saúde, escolas e sociedade civil para reverter esse cenário.