Com a pandemia de coronavírus, ficar em casa é a melhor forma de proteger a saúde. No entanto, é preciso tomar cuidado para o isolamento não provocar outras disfunções, como a falta de vitamina D no organismo. Essa vitamina é produzida na pele, quando em contato com o Sol, e é importante para manter o metabolismo e o sistema imunológico com bom funcionamento. Brasilienses que já sofriam com a escassez da substância antes do isolamento social e precisam manter a saúde em meio à Covid-19 necessitam de poucos minutos à luz solar.
É o que faz a professora Mônica Cristina de Faria, 50 anos. Ela explica que, uma vez por ano, precisa tomar reposição de vitamina D por comprimidos, mas nesse ano a pandemia a impediu de ir ao médico fazer o check up. “Normalmente, uma vez por ano eu faço a reposição, que eu tomo por trinta dias, mas agora estou até receosa de ir ao médico fazer os exames. Estou me precavendo, expondo-me ao Sol e fazendo caminhada ao ar livre”, conta.
O doutor Marcos Pontes, clínico geral e membro da equipe de clinica médica do Hospital Santa Lúcia Norte, explica que é importante manter o corpo produzindo vitamina D mesmo no isolamento. “A vitamina D é essencial para o nosso metabolismo ósseo. Além disso, essa vitamina está relacionada aos elementos da nossa imunidade, faz com que consigamos nos defender melhor de agentes que seriam perigosos ao nosso organismo. Então, ela tem uma importância primordial”, diz. Entre os sintomas de escassez de vitamina D, segundo o médico, estão fraqueza, mal-estar geral e alteração de ciclo sono-vigília.
É possível manter as taxas diárias de vitamina D, seja na janela do apartamento, na varanda ou no quintal, explica o doutor João Lindolfo Cunha Borges, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia — Regional DF (SBEM-DF). “O quanto é necessário se expor ao Sol por dia para ter uma boa produção de vitamina D varia de pessoa para pessoa. Vai depender do tom da pele, se mais clara ou mais escura, e da idade. A recomendação geral é de dez minutos ao Sol, de duas a três vezes na semana”, explica.
Segundo o médico, é preciso fazer com que os dez minutos diários de exposição sejam efetivos. Portanto, com o mínimo de roupas, para aumentar a superfície da pele em contato com os raios solares. Além disso, os raios não podem passar por um vidro, pois filtram uma parte do espectro ultravioleta, dificultando a sintetização da vitamina pelo corpo. “Quanto mais perpendicular ele entrar na pele, mais o corpo produz a vitamina D”, afirma Borges.
A professora Cássia Reis, 50 anos, toma Sol por até três horas, todos os domingos. Cássia começou a repôr vitamina D depois da menopausa. “Eu pedalo ao ar livre, sempre tive a vitamina D bem elevada, mas quando veio a menopausa ela caiu drasticamente. Moro em apartamento, mas tenho a vantagem de morar na cobertura, o que facilita”, conta.
No entanto, a dermatologista Natália Souza Medeiros desaconselha uma exposição aos raios solares por muito tempo. “Segundo o Conselho Brasileiro de Dermatologia, 10 minutos de exposição ao Sol já é suficiente para fazer a vitamina D necessária por um dia. Mais do que isso é exagero. Se for necessária uma exposição maior, o ideal é fazer a reposição oral”, destaca. (Veja Atenção com a pele)
Desinformação
Tem circulado nas redes sociais a recomendação de que doses altas de vitamina D ajudariam a combater o coronavírus. A informação é negada pelas doutoras Marcela Moraes Mendes, pós-doutoranda no Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB), e Patrícia Borges Botelho, professora do Departamento de Nutrição da UnB.
“Não há estudos, até o momento, que associem vitamina D à Covid-19. É importante lembrar que, apesar de estudos recentes terem associado níveis adequados de vitamina D a melhores respostas no tratamento de doenças respiratórias, a Covid-19 tem um desenvolvimento e uma manifestação bem diferente das outras doenças respiratórias. Desta forma, não devemos extrapolar os resultados obtidos nestes outros estudos para essa condição atual”, afirmam as pesquisadoras. No entanto, concluem que, independentemente de ter ou não o coronavírus, é importante a manutenção dos níveis adequados de vitamina D no sangue para saúde em geral.