Pesquisa com 7,5 mil infectados encontra 200 mutações do Sars-CoV-2 e sugere vários pontos de entrada no Reino Unido

Mutações ocorrem normalmente em vírus, mas novos resultados reforçam que não deve existir um 'paciente zero', ou seja, uma única pessoa que iniciou a transmissão nos países afetados.

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A análise do genoma do Sars CoV-2 feita a partir de amostras de 7,5 mil pacientes infectados encontrou 200 mutações do vírus apenas no Reino Unido. A pesquisa reforça, assim como foi visto em evidências de outros estudos, que não deve existir um “paciente zero”, ou seja, apenas uma pessoa que iniciou a transmissão nos países.

A pesquisa foi liderada pelo Instituto de Genética da University College London. Há uma variedade genética significativa do vírus detectada no planeta, segundo cientistas, o que mostra uma constante adaptação do vírus para manter a hospedagem em humanos. O artigo foi publicado nesta terça-feira (5) na “Infection, Genectics, Evolution”, revista científica especializada.

Com essa grande variedade genética, os autores apontam que os países mais afetados possivelmente não tiveram um “paciente zero”, ou seja, uma única pessoa que transmitiu o vírus inicialmente.

“Todos os vírus sofrem mutações naturalmente. Elas não são necessariamente uma coisa ruim e não há nada que sugira que o Sars CoV-2 esteja sofrendo mutações mais rápidas ou mais lentas do que o esperado”, disse o coautor do estudo, professo François Balloux, do Instituto de Genética da UCL.

As alterações genéticas estão distribuídas de forma aleatória no genoma do vírus. Algumas partes tem menos mutações, trecho da sequência genética que poderia ser alvo interessante para a criação de uma vacina eficiente para o Sars Cov-2.

“Um grande desafio contra o vírus é que uma vacina ou remédio pode não ser o mais eficaz se ocorrer uma mutação no vírus. Se concentramos os esforços em partes do vírus com menos probabilidade de mutação, temos uma chance maior no desenvolvimento de drogas eficazes a longo prazo”, disse Balloux.

A análise também compartilha o resultado de outros artigos publicados anteriormente de que há um ancestral a partir do final de 2019, quando possivelmente houve o salto de um animal para humanos. A variedade encontrada é quase a mesma vista em outros países do mundo, o que mostra que o vírus entrou no Reino Unido de forma independente e por vários hospedeiros.

No Brasil, os cientistas sequenciaram o código genético do vírus do primeiro paciente em tempo recorde: 48 horas. Em 4 dias, o grupo de cientistas já havia analisado os genes de duas amostras dos dois primeiros pacientes que entraram no país. Naquela época, em 2 de março, os dois infectados já tinham vírus de origens diferentes, de partes diferentes da Europa.

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