Ansiosos, deprimidos, com uma renda menor e mais sedentários. Esse é o cenário da saúde dos brasileiros durante a pandemia, mostrado por uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os resultados foram coletados com um questionário pela internet entre 24 de abril e 8 de maio e participaram 44.062 pessoas.
Os pesquisadores levaram em consideração as respostas dos mais de 44 mil brasileiros por meio de questionário online. A amostra foi calibrada, ou seja, mais refinada, por meio dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD, 2019) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O método é feito para obter a mesma distribuição por estado, sexo, faixa etária, raça/cor e grau de escolaridade da população brasileira.
Segundo Celia Landmann Szwarcwald, pesquisadora-titular da Fiocruz, “o brasileiro tem demonstrado sentimentos de tristeza, de ansiedade com mais frequência do que habitualmente. Está cuidando menos da sua saúde e está muito sedentário. Contudo, está adotando as medidas de restrição social com intensidade”.
Szwarcwald afirma que as questões e seus temas foram definidos por meio de marcadores de situações de saúde e do impacto socioeconômico, e a intensidade do isolamento, devido à importância da questão no período da pandemia.
Veja como está a vida dos brasileiros de acordo com o estudo em 7 gráficos:
1. Sem emprego
A pesquisa das três instituições aponta que 60% dos brasileiros apresentaram alguma diminuição da renda. Quadro que é complementado pela divulgação nesta quarta-feira (27) dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de março e abril mostram que a economia brasileira fechou 1,1 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada.
2. Aumento do trabalho doméstico
Enquanto isso, com um aumento no trabalho home office, 67% das mulheres também tiveram uma alta nas atividades domésticas. Mais de 18% delas dizem ter intensa dificuldade em executar o trabalho em casa depois do início da pandemia.
— Foto: Juliane Souza/G1
3. Mais cigarros
Mais de 30% dos homens e 38% das mulheres passaram a fumar pelo menos mais 10 cigarros por dia. Metade da população continuou fumando a mesma quantidade diariamente.
— Foto: Juliane Souza/G1
4. Alta no consumo de bebidas alcoólicas
Em abril, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu que os governos reduzissem a venda de bebidas alcoólicas durante a pandemia. Segundo a instituição internacional, o uso contínuo de álcool por pessoas em isolamento ou quarentena pode acarretar nas seguintes consequências:
- Piora geral nas condições de saúde
- Aumento nos comportamentos de risco
- Problemas de saúde mental
- Maior risco de violência, inclusive doméstica
A maior alta no consumo no Brasil foi vista, de acordo com o estudo, entre homens (18,4%) e entre pessoas com idade entre 30 e 39 anos.
Alta no consumo de álcool por sexo e idade — Foto: Cido Gonçalves/G1
5. População mais deprimida
Mais da metade dos jovens de 18 a 29 anos se sentiram muito ou estiveram sempre deprimidos desde o início da pandemia. Na divisão por sexo, as mulheres são as que mais declararam estar com o problema: quase 50% delas.
Depressão na pandemia de Covid-19 por sexo e idade — Foto: Cido Gonçalves/G1
6. Jovens mais ansiosos
A ansiedade entre jovens tem um dos índices mais altos da pesquisa. Entre 18 e 29 anos, quase 70% dos entrevistados relataram sentir ansiedade muitas vezes ou durante todo o tempo, desde o início da crise por Covid-19. Mais de 60% das mulheres dizem estar passando pelo problema com frequência.
Ansiedade na pandemia por sexo e idade — Foto: Cido Gonçalves/G1
7. Mais sedentários
Homens e mulheres que faziam mais de 150 minutos de atividade físicas por semana (tempo estimado como mínimo para manter a saúde) apresentaram uma redução significativa na prática. Na média, antes da pandemia, 30,4% dos brasileiros se exercitavam durante este período semanal. Com a Covid-19, o número caiu para 12,6%.