Uma idosa, de 81 anos, que morreu por Covid-19, teve o corpo trocado com o de outra pessoa na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Taboão da Serra, na Grande São Paulo. O caso aconteceu neste domingo (31).
A família conta que Antônia Ribeiro de Jesus estava há uma semana com sintomas do novo coronavírus e foi internada no Hospital de Campanha te Taboão da Serra na segunda-feira (25), mas o quadro de saúde piorou e, na quinta-feira (28), ela foi transferida para a UPA.
“Minha mãe não merecia ser enterrada desse jeito. Abandonada, largada, enterrada errada”, lamenta o filho Joselito Ribeiro de Jesus.
Na madrugada de domingo (31), os filhos souberam da morte de Antônia. “Eles ligaram dizendo que o quadro [de saúde] tinha sido alterado e era para alguém ir lá.”
Segundo a família, eles não puderam reconhecer o corpo e o caixão chegou lacrado no cemitério da Saudade, também em Taboão da Serra. O enterro respeitou o protocolo para casos suspeitos ou confirmados da Covid-19.
Horas depois, a família foi comunicada que houve um problema. “Ligaram da UPA dizendo que o corpo que foi enterrado às 11h não foi o da minha mãe, que o [corpo] da minha mãe ainda estava lá [na UPA]. Eles descobriram o erro e ligaram.”
Os parentes voltaram à unidade, liberaram o corpo — desta vez, com reconhecimento visual — e fizeram o segundo enterro, no mesmo cemitério.
Os filhos de Antônia não sabem quem é a pessoa que foi enterrada pela primeira vez, nem se a outra família foi comunicada. Eles garantem que registrarão o boletim de ocorrência.
“Eu sofri duas vezes. Uma dor. Por que jogam o corpo lá? É um animal? É um ser humano. Espero que outras famílias não passem por isso”, filha Josélia Ribeiro
Em nota, a Prefeitura de Taboão da Serra disse que, por segurança, não permite que os casos suspeitos de Covid-19 sejam reconhecidos por familiares e admitiu que houve erro duplo: por parte da funerária e da UPA. Ainda de acordo com a gestão, um processo administrativo será aberto para apurar os fatos.