SÃO PAULO, 24 JUN (ANSA) – A associação dos funcionários do Banco Mundial enviou uma carta para a Comissão de Ética da entidade fazendo críticas à nomeação de Abraham Weintraub, feita pelo governo brasileiro, para ocupar o cargo de diretor-executivo da EDS15 – grupo que reúne Brasil, Colômbia, Equador, Filipinas, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago.
O texto foi compartilhado com todos os colaboradores do órgão.
Segundo o documento, “muitos funcionários ficaram profundamente perturbados” com fatos sobre a passagem de Weintraub pelo Ministério da Educação do Brasil e sobre as inúmeras polêmicas em que o então titular da pasta criou.
Entre os pontos citados, estão a “acusação racial que zomba do sotaque chinês, culpando a China pelo novo coronavírus e acusando-os de ‘dominação mundial’” e as frequentes falas contrárias à “proteção dos direitos das minorias e a promoção da igualdade racial” – citando ainda seu último ato de revogação de cotas para afrodescendentes e indígenas na pós-graduação.
A entidade ressaltou que entende que a escolha pertence ao Brasil, mas que, “dito isto, podemos e devemos garantir que o comportamento e as ações dos nossos membros efetivos modelem o Código de Conduta para Funcionários do Conselho – exigindo os mais altos padrões de integridade e ética em sua conduta pessoal e profissional – e alinhados com nossas políticas operacionais, como na política para os povos indígenas”. A carta termina pedindo que a Comissão de Ética “reveja os fatos subjacentes às múltiplas alegações, com vistas a suspender a sua indicação até que essas alegações possam ser revisadas”. Os funcionários também solicitam que Weintraub “seja avisado de que o tipo de comportamento pelo qual ele é acusado é totalmente inaceitável nesta instituição”.
“O Grupo Banco Mundial acaba de assumir uma posição moral clara para eliminar o racismo em nossa instituição. Isso significa um compromisso de todos os funcionários e membros do Conselho de expor o racismo onde quer que o vejamos. Confiamos que o Comitê de Ética do Conselho compartilhe essa visão e faremos tudo ao seu alcance para aplicá-la”, finaliza o documento.
Weintraub chegou aos Estados Unidos no dia 20, ainda usando o passaporte diplomático pelo cargo que ocupava. Sua exoneração foi publicada após o ex-ministro ter chegado em solo norte-americano. A aprovação da indicação do nome indicado pelo Brasil é apenas protocolar, já que o país tem mais de 50% dos votos do grupo.
(ANSA)