Cientistas franceses descobriram um novo vírus em um hospital nos arredores de Paris após utlizarem a mesma técnica usada para identificar o novo coronavírus (Covid-19). Porém, segundo eles, o Cristoli, como foi batizado, aparentemente não possui o mesmo potencial para levar a uma crise de saúde semelhante à atual.
O novo vírus é um tipo de ortobunyavírus, uma família de patógenos comumente disseminados por mosquitos. Ele foi descoberto usando uma técnica conhecida como metagenômica, que também foi usada por pesquisadores chineses para identificar a Covid-19 quando ela surgiu em Wuhan, na China, no ano passado.
Os cientistas coletam uma amostra de fluido ou tecido corporal – no caso, do cérebro da paciente – e sequenciam o DNA presente. Isso permitiu que eles identificassem todos os organismos da amostra de uma só vez.
Porém, os pesquisadores dizem que é muito cedo para dizer em que medida o vírus foi responsável, pois o paciente apresentava várias condições subjacentes graves.
“O importante é notar que essa encefalite ocorreu em alguém muito imunocomprometido, era uma pessoa muito doente e com outras patologias”, afirmou o professor Jean-Michel Pawlotsky, chefe de biologia médica do Hospital Henri-Mondor em Créteil à AFP.
“No momento, temos apenas um caso para descrever. Obviamente, se outros casos forem diagnosticados no futuro, poderemos ter uma idéia um pouco mais precisa do quadro clínico associado a essa doença.”, completou.
Distanciamento do Coronavírus
Pawlotsky, porém, fez questão de ressaltar que sua transmissão não se assemelha à Covid-19.
“O modo de transmissão desta doença não tem nada a ver com coronavírus. Com o coronavírus, é uma transmissão direta de humano para humano com gotículas e, portanto, uma possibilidade de disseminação epidêmica que é muito importante ”, disse o professor Pawlotsky.
“Estamos lidando com algo muito diferente e, francamente, não sabemos hoje como essa paciente pegou essa doença, como ela pegou esse vírus. Suspeitamos que seja através de insetos, porque os insetos transmitem esse tipo de infecção viral, mas não temos absolutamente nenhuma prova disso hoje”, completou.
Avanço
A identificação de outro novo vírus logo após o coronavírus é apontada pelos especialistas como um sinal de melhoria dos métodos de detecção. Segundo ele, isso irá levar ao aumento do número de novos patógenos no futuro.
“Não é preocupante o fato de termos novos vírus, porque essa é a história da vida em geral”, disse à AFP Christophe Rodriguez, do departamento de virologia do hospital.
“Sempre tivemos novos microorganismos e novos vírus, especialmente ao longo dos tempos. Só que nos anos anteriores não conseguimos detectá-los. O objetivo de ser capaz de detectá-los agora é ser capaz de evitá-los e também criar programas para tratá-los mais tarde”, completou.