Focos de queimadas na Amazônia em junho foram os maiores para o mês nos últimos 13 anos, diz Inpe

Mês de junho teve 2.248 focos de queimadas no bioma Amazônia. Recorde para o mês foi batido em 2004, com 9.179 registros, mas número não passava de 2 mil desde 2007.

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O número de queimadas no bioma Amazônia no mês de junho maior foi o maior observado para o mês desde 2007, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), gerados com base em imagens de satélite.

Foi um aumento de 19,6% em comparação com o mesmo mês no ano passado. Em junho de 2020, foram 2.248 focos ativos, contra 1.880.

Segundo o Inpe, a média histórica para junho é de 2.724 focos ativos de queimadas no bioma Amazônia. Em junho de 2020, o índice ficou 17% abaixo da média dos últimos 21 anos, mas o número não passava dos 2 mil desde 2007, quando houve 3.519 pontos de incêndio na floresta.

Entre janeiro e junho foram 10.395 focos em todo o país, contra 8.821 no mesmo período do ano passado – um crescimento de 17,8%.

A Amazônia Legal — que é composta pela totalidade dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do estado do Maranhão — registrou 4.596 focos ativos de incêndio em junho, número próximo ao apresentado para o mesmo mês no ano passado (4.838) que já era superior às contagens dos últimos cinco anos.

O Inpe realiza medições desde 1986, após ter realizado um experimento de campo em conjunto com pesquisadores da Nasa. O sistema, porém, foi aperfeiçoado em 1998 após a criação de um programa no Ibama para controlar as queimadas no país. Os dados da série histórica estão disponíveis desde junho de 1998.

Desmatamento na região

Os dados de alertas de desmatamento referentes ao mês de junho ainda não foram finalizados pelo Inpe. Os mais recentes do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), também do Inpe, vão até o dia 18.

Nesta primeira metade do mês o Deter emitiu alertas para 610 km². No ano passado, em todo os 30 dias do mês, foram 936 km². Ou seja, os dados incompletos mostram que o mês já teve 65% dos alertas do ano passado.

Os alertas do mês superam os meses de junho de 2018 (488,4 km²) e de 2017 (608,3 km²).

Desmatamento em região perto de Porto Velho (RO) — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters/Arquivo

Desmatamento em região perto de Porto Velho (RO) — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters/Arquivo

Tendência de alta na temporada

Considerando o acumulado de alertas do Deter ao longo dos meses, a tendência é de aumento na taxa oficial de destruição da floresta na atual temporada que se encerra em agosto de 2020.

A tendência preocupa, já que o período anterior teve recorde com 10 mil km² de desmatamento.

Considerando o período entre agosto de 2019 e a parcial de junho, há alertas de desmatamento para 7.108 km². Já entre agosto de 2018 e o todo o mês de julho de 2019 foram 4.584 km². Nesta comparação, mesmo com o período incompleto de junho deste ano, já há aumento de 55%. No comparativo anterior, com os dados completos de maio, o aumento era de 78%.

Ciclo do desmatamento

As queimadas na Amazônia têm relação direta com o desmatamento. O fogo é parte da estratégia de “limpeza” do solo que foi desmatado para posteriormente ser usado na pecuária ou no plantio. É o chamado “ciclo de desmatamento da Amazônia”.

Após o fogo, o pasto costuma ser o primeiro passo na consolidação da tomada da terra. Nos casos em que a ocupação não é contestada e a terra é de qualidade, o próximo passo é a exploração pela agricultura.

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