Coronavírus chega à Terra Yanomami em RR e infecta 80 indígenas; ‘garimpeiros levaram’, diz chefe de conselho de Saúde

Infectados estão espalhados entre as comunidades Waika, Maturaca, Inambu e Missão Catrimani. Situação preocupa Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi-Y).

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A pandemia do novo coronavírus chegou a Terra Yanomami, e 80 indígenas da etnia testaram positivo para a doença. O levantamento é do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi-Y), divulgado nesta quinta-feira (9) ao G1.

Quatro Yanomami já morreram vítimas da doença no estado. Dois estavam dentro do território indígena, que é o maior do Brasil e tem população de 26.780 pessoas. Enquanto os outros dois morreram em Boa Vista. Há, ainda, 35 mortes de indígenas do território em investigação para determinar a causa.

“É uma ameaça muito grande e já chegou às comunidades. O Dsei [Distrito Sanitário Especial Indígena] Yanomami fez o seu papel, mas infelizmente não teve sucesso” afirmou Junior Yanomami, presidente do Condisi-Y

“O coronavírus chegou através dos garimpeiros e rapidamente se espalhou. Os garimpeiros levaram o coronavírus às comunidades. Não tivemos apoio do governo federal, pedimos apoio várias vezes”.

Os casos estão espalhados entre quatro comunidades. São 37 na comunidade Waikas; 36 na comunidade Maturaca; 4 na Inambu e 3 na comunidade Missão Catrimani.

“Esses casos são leves, serão tratados na comunidade e acompanhados pela equipe do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami. Caso algum paciente piore, será levado até Boa Vista para tratamento”, afirmou Junior Yanomami.

Todos os 80 casos dentro da Terra Yanomami foram diagnosticados por meio de testes rápidos, que só apontam a doença após o 7º dia desde os primeiros sintomas. É o tempo necessário para que o organismo produza anticorpos contra o vírus.

Entre Roraima e Amazonas há 186 Yanomami infectados

O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) aponta 186 Yanomami infectados pelo coronavírus, até esta quarta (8). A reserva abrange Roraima e o Amazonas; o dado inclui infectados dentro do território e indígenas fora da região.

Em nota, o Ministério da Saúde, por meio da Sesai, informou que “por respeito ético aos indígenas, não informa localidades, nem etnias de casos suspeitos, confirmados ou óbitos”.

O território Yanomami é o mais vulnerável ao coronavírus entre as regiões indígenas da Amazônia. Autoridades temem que a corrida aos garimpos na Terra, em meio à pandemia, pode causar um terceiro ciclo de genocídio dos povos.

A estimativa é que cerca de 20 mil garimpeiros estejam infiltrados na região. Roraima não possui garimpos legalizados.

Na Casa de Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista, 141 indígenas de diversas etnias já foram contaminados pelo vírus. Entre os Yanomami, há 94 considerados recuperados da doença. A unidade de saúde também atende pacientes do Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena Leste.

Roraima tem 21.220 infectados pelo novo coronavírus e 396 mortes em razão da doença. No Hospital Geral de Roraima (HGR), a taxa de ocupação em UTI é de 81%, ou seja, dos 26 leitos, 21 estão ocupados.

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