O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, publicaram em rede social um vídeo que nega que a Amazônia esteja queimando e que traz imagens de um mico-leão-dourado, animal só encontrado na Mata Atlântica.
O vídeo, de 1 minuto e 38 segundos e que conta com narração em inglês e legendas em português, foi produzido pela Associação de Criadores do Pará (AcriPará), que reúne pecuaristas do estado.
Nesta quinta-feira (10), questionado por jornalistas sobre o vídeo, Mourão respondeu que “aquilo é uma integração Amazônia-Mata Atlântica”. Mas o presidente da AcriPará admitiu que o uso do mico-leão-dourado no vídeo foi uma “gafe” (leia mais abaixo).
Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que, em agosto, a Amazônia teve 29.307 registros de queimadas.
Houve uma uma queda de cerca de 5,2% em relação a agosto de 2019, quando foram registrados 30,9 mil focos de calor. O número, entretanto, é 12,4% maior que a média histórica registrada para o mês, que é de 26.082 focos, e o segundo maior registrado desde 2010.
Peça nega queimadas
O vídeo diz que a Amazônia não queima novamente e que 5% dos agricultores da região utilizam queimadas para limpar o terreno usado na produção de alimentos.
A peça diz que o fogo é usado, em sua maioria, por comunidades indígenas e por pequenos produtores. Portanto, as queimadas seriam “culturais” de “pequena proporção”.
O vídeo foi publicado na quarta-feira (9) por Salles e Mourão. O ministro escreveu no post: “Recebi este vídeo, ‘Amazônia não está queimando’”.
Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal, publicou, junto com o vídeo, que o Brasil é o país que mais preserva suas florestas.
“De que lado você está? De quem preserva de verdade ou de quem manipula seus sentimentos? O Brasil é o país que mais preserva suas florestas nativas no mundo. Essa é a verdade. Nós cuidamos!”, escreveu Mourão.
Contrapropaganda
Segundo Mourão, o vídeo da AcriPará é uma ação de “contrapropanda”, uma resposta a grupos que criticam a política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Da mesma forma como eu falei, aqueles grupos que consideram que nós não estamos tratando direito da questão amazônica fazem o trabalho de propaganda deles. Nós temos que fazer a contrapropaganda. Isso faz parte do negócio”, disse o vice-presidente.
Sobre o combate às queimadas, já que o governo desenvolve desde maio a Operação Verde Brasil 2 na região, Mourão disse preferir analisar o resultado das ações do governo ao final de 2020.
“Eu prefiro aguardar chegar no final do ano, quando terminar a operação, essa primeira parte da operação, a gente fazer uma avaliação e aí ter um resultado mais coerente para divulgar do que algo que não vai no dia a dia”, declarou.
Gafe
Presidente da Associação de Criadores do Pará (AcriPará), Maurício Fraga Filho, afirmou que o uso do mico-leão-dourado no vídeo foi uma “gafe”. Segundo ele, foi usada uma imagem de arquivo da produtora que fez o material.
O vídeo, disse Fraga, foi uma ideia de duas associadas da AcriPará que desejavam responder a um outro vídeo que circulou pelas redes sociais e que, segundo ele, “denegria a imagem do produtor da Amazônia”.
“O mais importante do vídeo é a mensagem que ele passa, e realmente foi uma gafe essa do mico-leão-dourado. O objetivo foi tentar defender o setor produtivo, o agronegócio da Amazônia”, disse Fraga.