O regime de Nicolás Maduro revogou nesta quinta-feira (28) o cargo de presidente da Assembleia Nacional exercido por Juan Guaidó, que há mais de dois meses se autoproclamou chefe de Estado interino do país.
Além disso, o controlador-geral venezuelano, Elvis Amoroso, nomeado pela Assembleia Nacional Constituinte, declarou o oposicionista inelegível por 15 anos. Guaidó se autoproclamou presidente após a Assembleia Nacional, o Parlamento sem poderes dominado pela oposição, ter definido o segundo mandato de Maduro, iniciado em janeiro, como ilegítimo.
De acordo com a Constituição da Venezuela, a Presidência vacante deve ser ocupada pelo mandatário da Assembleia Nacional, a quem caberia convocar eleições. O Parlamento, no entanto, está sem poderes efetivos desde a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte dominada pelo chavismo, em agosto de 2017.
Guaidó é reconhecido como presidente legítimo da Venezuela por dezenas de países, incluindo Brasil e Estados Unidos, mas Maduro ainda conta com o apoio de nações como Rússia, China e Turquia.
A esposa de Guaidó, Fabiana Rosales, foi até recebida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e seu vice, Mike Pence, na última quarta-feira (27), durante uma viagem para tentar fortalecer a causa de seu marido.
O líder chavista vem conseguindo se segurar no poder apesar dos protestos e da severa crise de abastecimento enfrentada pelos venezuelanos. Em função dos blecautes das últimas semanas, Maduro anunciou um racionamento de energia, de modo a permitir a “recuperação” da rede elétrica.
Rússia – Após as críticas dos Estados Unidos, a Rússia disse nesta quinta-feira que os soldados enviados à Venezuela trabalharão no âmbito de um “acordo bilateral técnico-militar”.
A declaração foi dada pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, em resposta às objeções levantadas pelo governo de Donald Trump. “Os especialistas russos chegaram na Venezuela em conformidade com as disposições do acordo bilateral sobre a cooperação técnico-militar. Ninguém revogou esse documento”, explicou Zakharova.
Um dia antes, Trump havia dito que a Rússia tinha de “ir embora” da Venezuela, enquanto Pence definira a missão como uma “provocação desagradável”. O adido militar venezuelano na Rússia, José Torrealba Pérez, garantiu que o governo não tem intenção de utilizar os militares “em nenhuma ação”. (ANSA)