O presidente Jair Bolsonaro fez na manhã deste domingo (25) um dos passeios de moto que costuma fazer pelo Distrito Federal aos finais de semana.
Primeiro, ele foi até uma pamonharia em Sobradinho, região administrativa do DF que fica ao lado de Brasília. Ele estava acompanhado dos ministros da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e da Casa Civil, Walter Braga Neto.
Assim como das outras vezes, Bolsonaro estava sem máscara e provocou aglomeração ao interagir com as pessoas no local.
Depois, ele foi até uma feira no Cruzeiro, outra região administrativa do DF, onde se irritou com um homem que reclamou do preço do arroz.
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o homem perguntou:
O presidente, então, respondeu:
O homem se afastou sem dizer mais nada. E Bolsonaro afirmou: “Fala, e vai embora”.
A alta no preço do arroz ao consumidor levou o governo a anunciar, em setembro, a isenção da tarifa de importação para 400 mil toneladas do alimento.
O objetivo da medida tomada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério da Economia, foi o de reduzir o custo do arroz importado para aumentar a oferta no país e, assim, conter a alta de preços do produto no mercado interno.
Alguns dos fatores que explicam a disparada de preços são o aumento do consumo interno devido à pandemia e ao Auxílio Emergencial; valorização do dólar em relação ao real; redução da disponibilidade do grão que abastecia o país, e queda na produção da Ásia, o que elevou a cotação do grão no mercado internacional.
A ida à feira no Cruzeiro foi uma das paradas que o presidente fez na manhã deste domingo ao passear de moto pelo Distrito Federal.
Antes, ele havia ido até Sobradinho, outra região administrativa ao lado de Brasília, onde comeu pamonha.
O uso da máscara é obrigatório em áreas públicas do Distrito Federal desde o dia 30 de abril. A aplicação de multas começou em 18 de maio.
Quem é flagrado sem o acessório pode ser multado em R$ 2 mil, além de responder pelo crime de infração de medida sanitária. A pena, neste caso, pode chegar a um ano de prisão.
Atrito no governo
Durante uma das paradas no passeio de moto, o ministro Luiz Eduardo Ramos foi questionado pela imprensa a respeito do atrito recente com o colega do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mas disse não haver “briga nenhuma”.
E complementou: “Tem uma definição: briga é quando [tem] duas pessoas”.
Na quinta-feira (22), Salles afirmou que Ramos, responsável pela articulação política do governo, deveria parar de adotar uma postura de “maria fofoca”.
O ministro atribuiu ao colega a origem de uma notícia publicada pelo jornal “O Globo”, segundo a qual ele, Salles, “estica a corda” com a ala militar do governo — da qual Ramos, general da reserva, faz parte — ao reclamar da falta de recursos para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A declaração provocou reações contrárias a Salles dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), além de manifestações de apoio a Ramos de líderes do governo no Congresso e parlamentares da base do governo.
Integrantes da chamada ala ideológica do governo e parlamentares governistas — entre os quais o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro — aprovaram a fala de Salles e manifestaram apoio ao ministro do Meio Ambiente.
Neste domingo, Salles disse, em uma mensagem publicada nas redes sociais, que pediu desculpas a Ramos pelo que classificou como “excesso”.
Após o pedido de desculpa de Salles, Ramos escreveu em rede social que “intrigas não resolvem nada” e que “uma boa conversa apazigua diferenças”.
O motivo do ataque de Salles
Na quinta (22), o Ibama, subordinado ao ministério de Ricardo Salles, paralisou as atividades de brigadistas que combatem incêndio florestais alegando falta de recursos.
Na sexta-feira (23), o Ministério da Economia anunciou que remanejaria R$ 30 milhões para o Ibama e R$ 30 milhões para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Com isso, o Ibama determinou o retorno dos brigadistas.
Salles já havia reclamado da falta de dinheiro para o Ibama. Em 28 de agosto, o Ministério do Meio Ambiente anunciou por meio de nota que suspenderia todas as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e às queimadas no Pantanal em razão de um bloqueio financeiro determinado pela Secretaria de Orçamento Federal, do Ministério da Economia, em verbas do Ibama e do ICMBio.