Depois de 27 dias internado, o professor universitário e vítima da cervejaria Backer, Cristiano Gomes, de 47 anos, teve alta nesta segunda-feira (30). Ele internou no último dia 4 de novembro por causa de um citomegalovírus – um vírus da família do herpes, muito comum que atinge 80% da população – , capaz de provocar uma infecção conhecida como citomegalovirose.
“A carga viral baixou bem e ele pode ter a alta para poder tratar em casa por home care do convênio, que vai até a casa e aplica o antiviral que ele está tomando na veia e vai acompanhando toda semana”, explicou Flavia Schayer, mulher do professor.
Ele teve os rins comprometidos pela contaminação com dietilenoglicol encontrada na cerveja belorizontina, da cervejaria Backer. Gomes passou por um transplante de rins no último dia 29 de setembro e o órgão foi doado por Flávia. Nos últimos 27 dias em que ele esteve internado, houve a suspeita de rejeição do rim transplantado. O professor fez uma biópsia que não mostrou rejeição celular.
O transplante é uma esperança de recomeço ao professor universitário, que, após consumir a cerveja contaminada, se viu preso a uma cama de hospital por mais de 70 dias com quadro de insuficiência renal e paralisia facial. Além de ter que fazer hemodiálises diariamente, por causa do rim afetado
Flávia contou que ela e a filha fizeram o teste para a Covid-19 e, enquanto aguardam o resultado, Gomes vai ficar na casa da mãe dele. “Graças a Deus ele saiu do hospital por causa do coronavírus. Ele não dá conta de pegar um Covid-19 agora”.
A intoxicação pela cerveja
Dez pessoas morreram em decorrência da intoxicação por mono e dietilenoglicol – substâncias tóxicas ao organismo humano e que foram encontradas na cerveja belorizontina. Pelo menos outras 29 pessoas foram intoxicadas pelo produto.
O caso começou a ser investigado em 5 de janeiro. A Polícia Civil apontou que um funcionário repunha a substância tóxica no tanque, que tinha um furo, por acreditar que o material estava evaporando. O líquido vazava para as cervejas.
Onze pessoas foram indiciadas por lesão corporal, contaminação de produto alimentício e homicídio. Um dos indiciados, um técnico responsável pelas cervejas da backer, morreu e agora dez pessoas continuam denunciadas por causa da intoxicação.