Casos simultâneos de infecções pelo novo coronavírus e outras doenças endêmicas nos mesmos pacientes têm chamado a atenção na província de Salta, no noroeste da Argentina.
Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (21), autoridades locais relataram ocorrências de “corona-dengue” e “corona-salmonella”, além de emitirem alertas para outras possíveis combinações que podem gerar confusões sobre os sintomas e dificultar o diagnóstico – embora, até aqui, os relatos não indiquem que tornem as enfermidades mais graves.
Em coletiva de imprensa com a presença da supervisora do programa de Vigilância Epidemiológica da província, María Valdez, foram divulgados sete casos locais de pessoas infectadas simultaneamente com o novo coronavírus e salmonella, além do registro de outros dois pacientes contaminados com o vírus causador da Covid-19 e dengue ao mesmo tempo.
A província de Salta tem surtos paralelos dos três tipos de infecções atualmente.
O gênero de bactérias Salmonella geralmente vive no intestino de animais e humanos e é liberado através de fezes – com as contaminações mais frequentes ocorrendo por alimentos ou água contaminados, podendo provocar doenças como a salmonelose mais leve ou a febre tifoide. Já o vírus da dengue se espalha pelo mosquito Aedes Aegypti, vetor da doença.
Febre, calafrios, dores adbminais e vômitos são sintomas comuns a ambas as infecções.
Segundo o jornal Clarín, os dois casos simultâneos de dengue e novo coronavírus evoluíram bem, em um sinal de que a contaminação dupla não agrava sintomas. O primeiro paciente que testou positivo para os dois vírus foi um metalúrgico de 28 anos na cidade de Colonia Santa Rosa, que “evoluiu favoravelmente”.
Já a segundo caso foi diagnosticado nesta quinta-feira. Uma mulher de 63 anos, natural do mesmo município, recbei alta após dois dias internada e está cumprindo isolamento em sua casa.
Após dois dias de febre, ela decidiu se consultar em um hospital local. Lá foi aplicado o protocolo biossanitário e realizados estudos para determinar se ela tinha dengue ou coronavírus. Ambos testaram positivo.
Riscos de ‘corona-chikungunya’ e ‘corona-zika’
Nas últimas semanas, autoridades sanitárias da província expressaram preocupação com a possibilidade de que o aumento de casos de Covid-19 coincida também com um maior número de pacientes infectados com outras enfermidades, como chikungunya ou zika.
Gerente do hospital Juan Domingo Perón, na cidade de Tartagal, Juan Ramón López afirmou ao portal Salta 12 que seu centro médico tem disponibilizado salas específicas para receber pacientes com febre, sintomas comuns das diferentes doenças e que, em alguns casos, podem indicar contaminações mútuas.
Há dificuldade, porém, de se diagnosticar qual a enfermidade do paciente antes dos testes – o que pode propiciar a transmissão do novo coronavírus dentro do hospital entre pacientes febris.
“O serviço laboratorial será fundamental para determinar a patologia (de cada caso). Não descartamos que possamos ter pacientes com as duas patologias: dengue e Covid-19″, disse López.
A ocorrência de casos simultâneos das doenças não é uma novidade na Argentina, que já em 2020 registrou casos de pacientes com duas enfermidades. As autoridades de saúde do país consideram, por exmeplo, que houve circulação equivalente da dengue e do novo coronavírus, causador da Covid-19, na região metropolitana de Buenos Aires entre os meses de maio e abril.
Na época, o infectologista Tomás Orduna, um dos assessores do governo, comentou que “o número mais importante de casos de dengue em Buenos Aires coincidia com a chegada de pessoas do exterior com Covid-19 e sua posterior instalação de circulação comunitária”.
Surtos simultâneos
Na coletiva desta quinta-feira, as autoridades confirmaram que já foram detectados 22 casos positivos de dengue na cidade de Colonia Santa Rosa. Desde o início da campanha de vigilância local para doenças transmitidas por mosquitos, em outubro de 2020, 342 casos suspeitos foram notificados em diferentes municípios da província.
Desde 1º de janeiro, também foram registrados na província 145 casos confirmados de salmonelose. Mais de 80% das infecções concentraram-se na cidade de Salta, capital da província, e o restante em municípios do interior.
A faixa etária que mais contrai salmonelose na província é composta por bebês e crianças de até 9 anos de idade, representando 44% dos casos.
Em paralelo, nos primeiros 20 dias de janeiro, 829 casos do novo coronavírus foram registrados em Salta, totalizando 22.962 pessoas infectadas desde o início da pandemia.