Desde o último sábado, a paisagem cinzenta da Avenida Paulista ganhou cartazes com gigantescas letras vermelhas, pretas e brancas sobre fundo amarelo. O estilo imita as placas com que supermercados anunciam os produtos mais em conta e as ofertas. Na Paulista, porém, pedestres e motoristas são informados da alta de preços dos alimentos, do gás, do combustível e outros itens.
Junto dos preços, frases como “Tá muito caro”, “Tá na conta do Bolsonaro” e “Essa conta não é nossa” ajudam a entender que se trata de um protesto contra a política econômica do governo federal. Uma palavra que aparece em todas as peças sugere um apelido para o presidente: Bolsocaro.
Além da Paulista, cartazes de lambe-lambe como aqueles foram espalhados em outros 19 pontos da capital de São Paulo. Imagens desse protesto inovador também inundaram as redes sociais no fim de semana, sendo replicadas por personalidades políticas de oposição.
Mesmo diante do sucesso da iniciativa, os criadores dos cartazes preferem se manter no anonimato. A coluna conversou com um deles.
Definindo-se como integrante de “um pequeno grupo de amigos e ativistas”, o jovem explicou que a intenção era fazer uma campanha livre, que não reivindica autoria.
“Convidamos todos os que gostariam de ver essa mensagem no seu bairro, na sua cidade, a baixar os cartazes e colar onde estiver a seu alcance”, diz ele. As matrizes estão sendo espalhados no Twitter através de vários perfis.
“A gente se inspirou em outras artes feitas nas redes, mas era preciso ir para fora da internet e tentar, de alguma forma, uma abordagem direta e popular”, explica o ativista. “O argumento óbvio: em um país tão desigual, é na alta inaceitável dos preços dos alimentos que a grande maioria das pessoas pode sentir o fracasso total desse governo”.
A expectativa é que os cartazes da campanha Bolsocaro se espalhem por outras cidades, por adesão espontânea. “Recebemos muitos pedidos”, diz.
Enquanto isso, políticos como Guilherme Boulos, Ivan Valente, Ciro Gomes, Manuela d’Ávila, Sâmia Bonfim, Zeca Dirceu e outros multiplicaram nas redes os cartazes com os preços da carne, do arroz, da gasolina e do gás de cozinha.