Assembleia Legislativa articula solução para evitar possível crise de oxigênio nos hospitais de Rondônia

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O temor de uma crise no fornecimento de oxigênio medicinal em Rondônia, em razão do agravamento da pandemia do coronavírus, com o aumento de casos de internação e utilização do produto no tratamento dos pacientes infectados com a covid-19, foi tema de uma reunião na manhã desta segunda-feira (15), na Assembleia Legislativa, coordenada pelo presidente da Casa, Alex Redano (Republicanos).

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“Houve um aumento enorme da demanda por oxigênio medicinal e as empresas estão com dificuldades em manter o abastecimento. Muitos municípios estão com baixo estoque e também temem um colapso. Não podemos deixar isso ocorrer, pois o oxigênio é fundamental para garantir as vidas do pacientes”, disse Redano.

Do encontro, realizado de forma presencial e on line, participaram deputados estaduais, prefeitos, o chefe da Casa Civil, Junior Gonçalves, o secretário estadual de Saúde (Sesau), Fernando Máximo, o representante do Ministério da Saúde, Ridauto Lúcio Fernandes, representantes do Ministério Público, o presidente do TCE, conselheiro Paulo Cury, representantes das empresas fornecedoras de oxigênio e membros da bancada federal.

Deputados

O deputado Adelino Follador (DEM) afirmou que acompanha a questão com preocupação, e que é importante conhecer a dimensão do problema, para tomar as medidas possíveis. “Esse encontro é decisivo na tomada de medidas para contornar esse problema, que traz muita preocupação”.

O deputado Cirone Deiró elogiou a iniciativa da Assembleia Legislativa em promover essa discussão, para trazer soluções, se antecipando e agindo preventivamente. 
Já o deputado Chiquinho da Emater (PSB) defendeu que é preciso buscar soluções. “Não podemos deixar entrar em colapso. Temos que facilitar a vida dos prefeitos, na compra de medicamentos e de oxigênio”.

Para o deputado Laerte Gomes (PSDB), “é um problema de todos nós. Precisamos criar mecanismos para não virar um colapso. Unir a todos, para garantir o atendimento”.

O deputado Jair Montes (Avante), alertou que o colapso está iminente na saúde, com o aumento no número de casos e da demanda por oxigênio. “Temos mais de 100 pacientes à espera de um leito na UTI e não podemos esperar mais”.

Geraldo da Rondônia (PSC) fez um discurso defendendo que não pode descuidar das ações preventivas, para assegurar o tratamento. “Faltam leitos, faltam medicamentos. Não pode agora faltar também oxigênio”.

O deputado Alan Queiroz (PSDB) quis saber do secretário da Sesau sobre as novas cepas, se o pico da doença está atingido e sobre a vacinação da população. “Temos uma média entre 1.200 a 1.500 pessoas infectadas por dia. É muito alto esse número, com isso, a rede hospitalar vai superlotando, com mais demanda por leitos de UTI e por oxigênio”.

A deputada Cassia Muleta (Podemos) conclamou que a população se conscientize da gravidade da doença. “Tem que haver essa consciência, de evitar aglomerações em festas e eventos desnecessários, tomando os cuidados necessários. Sobre a questão oxigênio, o Governo deve dividir o produto nas regionais, tão logo chegue essa reserva prometida pelo Ministério da Saúde”.

O deputado Dr. Neidson (PMN) indagou se a usina de oxigênio instalada em Guajará-Mirim, não poderia ser reativada e utilizada na produção do produto. Mas, em resposta o secretário da Sesau disse que não é viável, pois não tem estrutura para envasar os cilindros.

Ministério da Saúde

O representante do Ministério da Saúde disse que está acompanhando a situação de Rondônia, e que deverá enviar, ainda nesta semana, oxigênio para recompor o estoque do produto no Estado, para garantir a normalidade no funcionamento da rede hospitalar. “Vamos enviar, através de aeronaves da Força Aérea, com a possibilidade de três voos por semana, mais oxigênio nos chamados isotanques para normalizar o fluxo. O primeiro voo deve ocorrer ainda nesta semana. É importante observar que o oxigênio que chega em Rondônia é compartilhado com o Acre, que não tem nenhuma usina própria, dependendo de transportar o produto”, anunciou Ridauto.

Sobre a necessidade de mais cilindros para o transporte do oxigênio, ele anunciou, num primeiro momento, o envio de mais 200 a 250 para Rondônia, com a mesma quantidade enviada ao Acre. “Há uma demanda de cilindros em todo o país, da ordem de 5 mil unidades, pelo menos, e a indústria está trabalhando para providenciar”, disse ao responder questionamento de Alex Redano.

Ridauto informou ainda que a implantação de mais usinas de oxigênio nas regionais de saúde é uma prioridade, mas que há dificuldade em conseguir esses equipamentos.

Governo

O secretário Fernando Máximo disse que a união é fundamental para encontrar soluções. “Só vamos vencer se nos unirmos; não tem outro caminho. O oxigênio não pode faltar de jeito nenhum. Não vamos deixar faltar, estamos trabalhando muito para não deixar faltar. Estamos fazendo todo o possível e o Ministério da Saúde tem sido muito solícito aos nossos pleitos”.

Ele disse que em fevereiro a Sesau encaminhou ofício aos municípios, solicitando informações sobre a realidade do fornecimento de oxigênio. “Apenas 18 prefeituras responderam. Um mês depois, mais quatro prefeituras responderam, apontando para risco de falta de oxigênio e temos trabalhado desde então para solucionar”.

Máximo voltou a defender a testagem em massa, como forma de identificar, isolar os casos e tratar. “Fizemos uma testagem aqui na capital e o número de infectados foi assustador: cerca de 30% dos testes deu positivo para covid-19.

O chefe da Casa Civil pontuou que a mobilização de todos é necessária. “A articulação é o caminho mais eficaz para solucionarmos mais esse desafio, que é assegurar o oxigênio para a rede hospitalar”.

Máximo e Júnior lamentaram que boa parte da população não tem colaborado para reduzir o contágio. “Ando pela cidade e observo muitas pessoas sem usar máscaras, aglomeradas na frente de casa. Estive no sábado no CERO na Zona Leste e ao sair de lá me assustei com a quantidade de gente nas ruas, sem usar máscaras. É lamentável”, disse o secretário da Sesau.

Prefeitos

O prefeito de Urupá e presidente da Associação Rondoniense dos Municípios (Arom), Célio Lang, relatou que muitos municípios enfrentam dificuldades, com o baixo estoque de oxigênio, em razão do aumento na demanda. “As empresas têm dificuldade de logística para o fornecimento, pois há uma procura enorme, no país todo. Há dificuldade em licitar, em garantir o recebimento de mais oxigênio do que o previsto, para suprir essa demanda enorme”.

O prefeito de Cujubim, Pedro Fernandes (DEM), comentou que a empresa fornecedora de oxigênio disse que não poderia garantir o produto por 15 dias, pela grande demanda do produto. “Isso gera uma preocupação muito grande, pois o oxigênio é fundamental para garantir o tratamento dos pacientes”.

O prefeito de Costa Marques, Mirandão (Republicanos), informou que a prefeitura está finalizando o contrato e vai abrir nova licitação, temendo que não apareçam empresas interessadas. “É preocupante a situação, pois temos que garantir o produto. Precisamos de parceiros para superarmos mais esse desafio”, completou.

Já o prefeito de Candeias do Jamari, Valteir Queiroz (Patriota), disse que “é uma situação que nos preocupa muito; o oxigênio e outros insumos, que estão em escassez no mercado”.

O prefeito de Cacoal, Adailton Furia (PSD), afirmou que a boa relação do Governo com a União podem ajudar a superar mais esse obstáculo. “Temos dificuldades de oxigênio e de medicamentos para tratar os pacientes com covid-19. Temos que somar esforços e assegurar que não faltará oxigênio para tratar os pacientes”.

O prefeito de São Miguel do Guaporé, Cornélio Duarte (MDB), observou que “não podemos ficar sem oxigênio na rede de saúde, temos que resolver isso logo, pois a demanda só aumenta”.

O prefeito de Campo Novo de Rondônia, Alexandre Dias (PDT), lembrou que é preciso responsabilidade em tudo o que é dito e nos compromissos assumidos, quando se trata de saúde pública.

Empresas

O representante da empresa White Martins, Caíque Fernandes, informou que “temos acompanhado a situação de Rondônia e tomado providências para entregar o oxigênio no Estado, de forma a não ficar o abastecimento comprometido. A empresa não tem como estimar a necessidade do produto na rede hospitalar, que cresce sua demanda a cada mês. É um desafio logístico muito grande”.

Representante da Oxiporto, Edson de Melo, disse que empresa tem capacidade de logística de 80 mil metros cúbicos por mês, mas que a demanda hoje é o dobro disso. “Somente em novos cilindros, estimo uma demanda em torno de 750 para suprir a necessidade de Rondônia. Houve um aumento na demanda de oxigênio muito grande”.

Bancada

O senador Marcos Rogério (DEM) também participou da reunião, e relatou que “a situação é crítica em praticamente todas as regiões. A ação do Ministério da Saúde em garantir pelo menos 200 cilindros é importante, mas não atende 30% da demanda de hoje, ao meu ver. Estou percorrendo o interior e tenho recebido os relatos dos prefeitos. Tem hospitais gastando cinco vezes mais de oxigênio do que gastava antes”.

A deputada federal Sílvia Cristina (PDT) também manifestou preocupação com o problema e se colocou à disposição para contribuir.

MP e TCE

O presidente do TCE observou que o Estado já colapsou em leitos de UTI para tratar pacientes com covid-19, com mais de 100 pessoas na fila, e que colapsar também no oxigênio seria o caos. “Uma saída para esse problema é a soma de esforços e o TCE está à disposição para contribuir. Inclusive, já emitimos notas técnicas que facilitam muitos procedimentos em meio à pandemia”, relatou.

As promotoras do Ministério Público, Emília Oiye e Flávia Shimizu, defenderam que a redução da contaminação deve ser uma prioridade, como forma de desafogar a rede de saúde. “Quantos mais novos casos, maior demanda por leitos de UTI, por oxigênio e por medicação. É preciso reduzir a contaminação, como forma de diminuir essa grande demanda na rede de saúde”, completou Shimizu.

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