Localizada no Mar Tirreno, entre Roma e Nápoles, a ilha vulcânica de Santo Stefano está totalmente abandonada desde 1965, ano do último suspiro da prisão que funcionava ali. Tida como a Alcatraz italiana, dada a semelhança com a prisão de segurança máxima em São Francisco (EUA), o local tem menos de 400 metros de diâmetro e é habitado apenas por gaivotas e turistas ocasionais e curiosos.
Por séculos, desde 1797, criminosos, bandidos, anarquistas e dissidentes políticos do país eram mandados para apodrecer na ilha. Agora, 56 anos após ter sido abandonado, o local pode ganhar uma nova vida e tem sido alvo de projetos de remodelação.
De acordo com a CNN Travel, o governo italiano gastará €70 milhões (cerca de R$420 milhões) para renovar a ilha e transformá-la em um ponto turístico nacional. Obras de manutenção para preservar pontos-chave já estão em andamento e, neste mês de junho, propostas sobre a reforma da prisão serão apresentadas.
Em entrevista ao canal, a responsável pela remodelação licenciada pelo governo, Silvia Costa, disse que o objetivo é recuperar todas as partes do local com uma abordagem mais amigável ao meio ambiente, tendo como base as especificidades de seu habitat natural.
A prisão do século XVIII possuía uma arquitetura que permitia que os guardas ficassem no centro e vigiassem as 33 celas em cada um dos três andares. A geografia local possui altos penhascos e uma vegetação selvagem, o que dificultava a fuga de prisioneiros – aqueles que se arriscaram, se afogaram no mar.
Renovação
O governo italiano espera concluir a renovação até 2025. Segundo a CNN Travel, a ilha contará com um museu multimídia a céu aberto, centro acadêmico, oficinas de arte e abrigará seminários sobre a União Europeia.
Até cômodos para curtas estadias estão nos planos: a antiga casa do diretor carcerário e os vestiários do campo de futebol serão transformados em albergues com cerca de 30 quartos.
A antiga padaria, onde prisioneiros assavam pães e pizzas, deverá ser transformada em um restaurante com um terraço panorâmico. Visitantes poderão aproveitar um drink durante a tarde e admirar o pôr do sol – em dias de céu limpo, é possível avistar o Vulcão Vesúvio e até a ilha de Ischia, a 32 km de distância.
Os jardins serão replantados com flores e plantas que cresciam ali, assim como os pomares plantados pelos próprios prisioneiros ganharão uma nova vida.
Uma das propostas é ter vozes virtuais vindas de dentro das celas, que narrariam o passado do local. As torres, a capela e o cemitério no entorno do presídio serão reformados e objetos deixados para trás encontrados pela ilha, como fotos e móveis, serão colocados em exibição. Um espaço para eventos dentro da antiga cadeia, uma livraria e aplicativos para auxiliar os visitantes também constam nos planos.
Estímulo ao turismo
Santo Stefano está localizada numa área de preservação marinha e atualmente é visitada por pescadores, aventureiros e mergulhadores – o fundo do mar da região possui um naufrágio da Segunda Guerra Mundial. A ilha não possui um cais – previsto nos projetos de restauração. Algumas visitas guiadas ocorrem na prisão que, de acordo com a CNN, envolve uma caminhada de 40 minutos por um caminho íngreme. Três placas saúdam os visitantes: “Este é um lugar de sofrimento”; “Este é um lugar de expiação”; “Este é um lugar de redenção”.
Para a CNN, Silvia Costa afirmou que todas as ideias serão começadas do zero. “O local ficou fechado por décadas, em total decadência. Não há luz, não há água encanada. O acesso é complicado. A reforma se concentra em contar a história da dor sofrida nesta prisão, preservando esse lugar simbólico de memória, mas olhando para o futuro”, afirma.
As autoridades esperam que a restauração de Santo Stefano estimule o turismo na região de Ventotene, comuna mais próxima, que fica a 2 km da ilha. Atualmente, o pedaço é ponto de partida para passeios de barco no pôr do sol, além de se destacar pelas casinhas coloridas de pescadores e velhas grutas.