Quem tem costume de ir à praia ou de pegar um sol pela manhã não fica longe do protetor solar. E, apesar de parecer óbvio, muita gente não tem esse hábito. Reflexo disso é a maior incidência de câncer de pele no mundo que, segundo a Organização Mundial da Saúde, são quase três milhões de casos do tipo não-melanoma (câncer mais frequente) anualmente.
Segundo disse o dermatologista Sérgio Schalka em entrevista ao jornal Extra, a maior parte dos danos à pele vem de situações do dia a dia. “Muitas vezes a pessoa, por não ter se queimado, acha que está tudo bem, mas não está. A conta ao longo da vida pode não ser sentida imediatamente, mas lá na frente fica muito alta”, explica.
Os responsáveis por esses danos são os raios ultravioleta (UV), que vêm do Sol e representam 95% de toda radiação. O acúmulo dessas queimaduras — fotoenvelhecimento — que nem sempre são visíveis, é o que pode ocasionar o câncer de pele. Por esse motivo, pesquisadores tentam, com ajuda da tecnologia, métodos para diagnosticar problemas do tipo o quanto antes.
Fotografia UV ajuda identificar câncer de pele
Na fotografia UV, a faixa de radiação eletromagnética tem um comprimento de onda menor que a da luz que conseguimos enxergar — porém, maior que a dos raios X. O termo ultravioleta é usado justamente por esse motivo, “mais alto que o violeta”. Ficou confuso? Veja na imagem abaixo.
Por ser mais sensível, a fotografia de UV revela os danos que o Sol causa na pele, mesmo que não haja pinta, manchas ou rugas visíveis no local. Essa técnica já é usada há alguns anos, mas agora, os dermatologistas estão olhando para como ela forma de ajudar na prevenção e diagnóstico de doenças de pele. Ainda que esteja em fase inicial de testes na Europa, ela seria uma boa ferramenta dermatológica.
De qualquer forma, um evento em 2019, realizado em Nova York, reuniu fotógrafos, jornalistas e influenciadores de vários locais para uma exposição de fotos ultravioletas. Na época, o jornal The New York Times fez, inclusive, a cobertura do evento.
O fotógrafo Pierre-Louis Ferrer compartilhou algumas de suas imagens que retratam sinais invisíveis a olho nu. Confira:
Câncer de pele, uma ameaça global
À medida que a camada de ozônio vai se destruindo, a atmosfera perde cada vez mais sua função de filtro protetor e mais radiação ultravioleta solar atinge a superfície do planeta. Estima-se que uma redução de 1% de ozônio resultará em 50 mil novos casos adicionais de câncer de pele não-melanoma e 4.500 tipos de câncer de pele melanoma — o mais severo.
Alguns grupos apresentam maior risco de serem afetados do que outros; pessoas de pele clara, ou olhos azuis, verdes e castanhos. Histórico familiar de câncer de pele, quem tem muitas sardas ou aqueles que têm queimaduras frequentes.
A boa notícia é que esses cânceres têm tratamento e grandes chances de cura se forem diagnosticados precocemente.
Evitando o câncer de pele
Mesmo que você não tenha nenhum desses sinais de maior risco, é sempre importante fazer exames de rastreamento. É sempre bom evitar exposição ao sol das 10h às 16h, quando ele está mais forte. Além disso, ainda que o dia esteja nublado, é importante o uso do protetor solar, já que as nuvens não são capazes de bloquear os raios ultravioleta.
E sim, a fotografia UV é um bom jeito de ajudar os médicos a identificarem as manchas nocivas. Mas, existe um jeito rápido e fácil de identificar sinais do câncer de pele. É chamada Regra do ABCDE:
Assimetria: uma metade do sinal é diferente da outra;
Bordas irregulares: contorno mal definido;
Cor variável: presença de várias cores em uma mesma lesão (preta, castanha, branca, avermelhada ou azul);
Diâmetro: maior que 6 milímetros;
Evolução: mudanças observadas em suas características (tamanho, forma ou cor).