A fala de Jair Bolsonaro sobre a redução dos combustíveis que deverá ser anunciada pela Petrobras provocou uma reação da Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, considerada a xerife do mercado financeiro.
Mais um processo administrativo foi aberto para investigar se houve vazamento ou antecipação de informações da companhia, que negocia ações nos mercados brasileiro e internacionais.
Em reposta à coluna, a CVM afirmou em nota que “o assunto objeto de sua demanda está sendo analisado no Processo Administrativo CVM 19957.010061/2021-47. A Autarquia não comenta casos específicos”.
A nota da Comissão traz ainda detalhes sobre a Resolução 44 da autarquia, que dispõe sobre a divulgação de informações relevantes das empresas de capital aberto que podem afetar preços das ações.
Fontes consultadas pela CNN afirmam que não há um consenso sobre se existe ou não a possibilidade de a CVM interpelar diretamente o Presidente da República, sendo ele o representante institucional do acionista majoritário da empresa.
Ao mesmo tempo, ex-diretores da companhia demonstram preocupação com enfraquecimento da agência reguladora do mercado diante da atitude recorrente de Bolsonaro.
Mais cedo, a Petrobras já havia se posicionado sobre declaração do presidente, afirmando que não havia nenhuma decisão tomada sobre preços dos combustíveis e negou ainda que tenha antecipado quando informação sobre sua gestão.
Em novembro passado, Bolsonaro disse em viagem à Itália, que a Petrobras anunciaria um novo aumento da gasolina. A decisão não aconteceu e, desde então, o preço internacional do petróleo caiu bastante.
No início do mês passado, o preço do barril do petróleo no mercado internacional passava de US$ 85.
Nesta segunda-feira, a commodity está sendo negociada a US$ 72,00, após ter experimentado cotação de US$ 66,00 nas últimas semanas.
Em acompanhamento constante que faz do preço da gasolina cobrado no Brasil, a Infinity Asset aponta que a defasagem dos valores cobrados aqui na comparação com os preços internacionais, saiu de 14% em outubro para uma diferença negativa de 7,4% agora, ou seja, a gasolina aqui está mais cara que lá fora, o que corrobora a possibilidade de a Petrobras decidir por uma redução.