Policiais federais prenderam preventivamente, nesta quarta-feira (22), a chefe de gabinete do governador do Acre, Rosângela Gama. A ordem partiu do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e faz parte da segunda fase da Operação Ptolomeu, que investiga um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a cúpula do governo acreano.
A PF informou que foi detectado que servidores públicos estariam, após a deflagração da primeira fase, obstruindo a investigação, para destruir provas essenciais para a continuidade das apurações. Além de decretar a prisão preventiva da chefe de gabinete do governador Gladson Cameli (Progressistas), o STJ determinou a imediata instauração de novo inquérito policial para apurar o crime de obstrução de investigação de organização criminosa.
Também por ordem do STJ, policiais federais cumprem na manhã desta quarta cinco mandados de busca e apreensão em Rio Branco, a capital do Acre.
Aparelhamento do estado para desviar dinheiro público
Segundo a investigação da PF, o grupo, formado por empresários e por agentes públicos ligados à gestão estadual, aparelhou a estrutura do governo para cometer crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, desviando recursos públicos e ocultando a destinação dos valores.
A PF não especificou quais são as suspeitas que recaem sobre o governador, nem especificou os crimes imputados a cada um dos investigados.
A Controladoria Geral da União (CGU) apurou que as empresas envolvidas têm diversos contratos com o governo acreano. Parte deles envolve convênios federais e repasses relacionados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Agentes identificaram diversas transações financeiras suspeitas em contas correntes, pagamentos de boletos de cartão de crédito, transações de imóveis de alto valor e aquisições de veículos de luxo por valores mais baixos do que os de mercado. Também foi verificado que o grupo movimentava grande quantidade de dinheiro em espécie, inclusive com uso do aparato de segurança pública do estado.
Na primeira fase, deflagrada no dia 16 último, foram cumpridos 41 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão. O STJ determinou o afastamento das funções públicas dos envolvidos.
A PF apreendeu mais de R$ 3,4 milhões entre dinheiro e bens de investigados: seis veículos, estimados em R$ 1,7 milhão; R$ 600 mil em espécie, entre dólares, euros e reais; 33 relógios e 10 joias, totalizando mais de R$ 1 milhão; R$139 mil em celulares apreendidos.
O apartamento do governador Gladson Cameli foi um dos locais onde as buscas foram realizadas. Além disso, os policiais estiveram no escritório do governador; no Palácio Rio Branco e na Casa Civil estadual. Em nota, o governo do estado disse que está contribuindo com as investigações e, nas redes sociais, o governador informou que continua cumprindo agenda e suas obrigações institucionais.
Além do governador, servidores públicos do Acre e familiares do gestor em Manaus (AM) foram alvos da operação.