Se “uma família feliz é o paraíso na Terra”, conclui-se que uma família infeliz é um verdadeiro inferno.
À medida que vai chegando o fim do ano, muitos de nós já estamos nos preparando para possíveis tensões ou discussões. Pode ser a silenciosa reprovação da qualidade da comida, um ressentimento latente sobre declarados favoritismos ou uma intensa discussão sobre valores sociais e políticos.
As reuniões familiares muitas vezes despertam o que há de pior em nós. Mas somente se decidirmos ver nossas famílias. Para muitas pessoas, não há outra escolha a não ser passar o Natal isoladas.
Os conflitos familiares podem ser fonte de entretenimento em séries de TV como Succession, mas as consequências para a vida real não são de brincadeira.
“Uma consequência muito comum do distanciamento familiar é sentir-se isolado”, com sensações de vergonha e julgamento, afirma Lucy Blake, psicóloga do desenvolvimento da Universidade do Oeste da Inglaterra e autora do livro No Family is Perfect: A Guide to Embracing the Messy Reality (“Nenhuma família é perfeita: guia para abraçar a difícil realidade”, em tradução livre).
Não existe solução fácil para fraturas nos relacionamentos, mas a melhor compreensão da nossa dinâmica familiar pode ajudar a nos preparar para os inevitáveis focos de conflito e revelar formas de lidar com as tensões.
As pessoas muitas vezes relutam em falar sobre reuniões infelizes e distanciamento familiar. Por isso, alguns de nós que temos essa experiência podemos ser levados a pensar que se trata de algo incomum. Podemos até imaginar que haja algo de errado conosco por termos essas más relações.
As redes sociais podem contribuir com essa sensação de isolamento, segundo Blake.
“O que vemos muitas vezes é a ‘atuação’ de uma família, que pode fazer você se sentir cada vez mais isolado.”
Mas poucas pessoas postam uma fotografia de uma discussão – você provavelmente verá as caretas nos rostos antes da refeição e não as lágrimas depois do conflito.