Uma cultivar chamada de “biomassa” (BRS 716), trazida pela Embrapa para a Expodireto Cotrijal 2024, pode ajudar a resolver dois problemas do agricultor gaúcho. Para o cenário agrícola do Estado, ela pode representar uma série de vantagens para produtores que sofrem com alta concentração de cigarrinha do milho em suas propriedades, ou que experienciaram falta de fibra para o gado no outono.
Segundo o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Flávio Tardin, a cigarrinha do Milho — que gera o chamado “complexo dos enfezamentos” e definha os milharais — não consegue completar seu ciclo de desenvolvimento em culturas deste sorgo, o que reduz a quantidade dos insetos na região. Segundo ele, a cultivar não é afetada pelas doenças que o parasita causa ao milho. Dessa forma, produtores que tiveram extensos prejuízos em safras anteriores, podem optar pelo sorgo em alternativa ao milho, para que plantios futuros de milho sofram menos com a cigarrinha.
A cultivar ainda pode ter um grande valor para aqueles que também produzem gado. Segundo Tardin, ela é selecionada para concentrar a maior quantidade possível de biomassa, desta forma, podendo ser colhida e armazenada para o momentos de falta de pasto para os animais. O momento mais crítico para isso no Estado é o chamado vazio forrageiro outonal (março a junho).
A Embrapa também está levando em frente uma pesquisa sobre o uso de sorgo para a geração de energia, outro possível fim para este cultivo. “Especialmente para o Etanol de segunda geração que usa enzimas para a produção de etanol a partir de celulose”, explica Tardin. “O pecuarista de leite que plantou o milho e não colheu, passou aperto no vazio forrageiro. Não tinha comida para dar no cocho. Então, plantar o sorgo é a segurança de ter biomassa para alimentar os animais no vazio forrageiro”, finaliza Tardin.