São Paulo — Políticos de quatro partidos foram presos na manhã desta terça-feira (16/4) por suspeita de envolvimento em um suposto esquema que fraudava licitações em prefeituras e câmeras municipais por meio de um cartel articulado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Entre os presos estão três vereadores de cidades da Grande São Paulo e outros dois políticos, todos ligados aos quadros do PSD, MDB, Podemos e União Brasil.
Os vereadores detidos são Flavio Batista de Souza (Podemos), o “Inha” de Ferraz de Vasconcelos; Ricardo Queixão (PSD), de Cubatão; e Luiz Carlos Alves Dias (MDB), conhecido como “Luizão Arquiteto” e parlamentar na Câmara Municipal de Santa Isabel.
Após o anúncio da Operação, o MDB divulgou nota afirmando que vai suspender a filiação de Luizão.
“Eleito pelo PL, o vereador se filiou ao MDB na última semana. O partido apoia o avanço das investigações, por isso decidiu suspender a filiação de forma cautelar”, afirma a nota.
Já o PSD, de Ricardo Queixão, disse que acompanha as apurações. “O partido não compactua com desvios de conduta e adotará, se necessário, punições exemplares cabíveis, de acordo com as conclusões dessas apurações e do devido processo legal”, afirma o partido em nota.
Mesma postura foi adotada pelo Podemos, de Flavio Batista, que também evitou falar em desfiliação.
“A executiva municipal do Podemos de Ferraz de Vasconcelos apoia toda e qualquer investigação de combate ao crime organizado e acompanha os desdobramentos da operação de hoje, para que, garantido o direito de defesa, venha a tomar medidas institucionais”, diz a nota.
Além deles, também foram presos nesta terça Dário Reisinger Ferreira, presidente do União Brasil em Suzano, e Vagner Borges Dias, conhecido como Latrell Brito – principal alvo da operação do MPSP.
Sem dizer oficialmente que é pré-candidato a algum cargo, Latrell Brito faz publicações genéricas sobre política nas redes sociais, marcando o União Brasil, e se apresentando como solução para problemas da cidade de Suzano.
O Metrópoles procurou o partido para comentar a operação desta terça-feira e, até o momento da publicação desta reportagem, não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Entenda a operação
O Primeiro Comando da Capital (PCC) se infiltrou em ao menos 13 cidades de São Paulo, incluindo Guarulhos, a segunda maior de São Paulo, para fraudar licitações e obter contratos públicos para lavar dinheiro do tráfico de drogas, segundo as investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) divulgadas nesta terça-feira (16/4), em meio à operação que prendeu três vereadores paulistas.
O envolvimento da facção criminosa ocorreu por meio da associação com empresários que já tinham expertise em fraudar licitações e contatos com agentes públicos que aceitavam propina para viabilizar os contratos.
A operação que revelou o esquema prendeu temporariamente três vereadores e outras 10 pessoas, entre empresários, advogados e agentes públicos.
Também foram cumpridos 42 mandados de busca e apreensão. A corporação ainda apreendeu R$ 600 mil em espécie, R$ 3,5 milhões em cheques, US$ 8,7 mil, quatro armas, munições, 22 celulares e 22 notebooks.
A quadrilha alvo da operação agia, segundo o MPSP, nas seguintes cidades: Guarulhos, Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes, Guararema, Poá, Santa Isabel e Arujá, na região metropolitana; Santos, Guarujá e Cubatão, na Baixada Santista; e Itatiba, Sorocaba e Buri, no interior do estado.