A doleira Nelma Kodama, de 52 anos, foi a primeira delatora da Operação Lava Jato. Depois de cumprir cinco anos de pena por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa — entre o regime fechado e domiciliar —, ela se livrou em agosto da tornozeleira eletrônica que usou por três anos. Mas hoje, a doleira que costumava movimentar em um único mês cerca de US$ 200 milhões sem qualquer documentação — uma das razões pelas quais foi presa e condenada —, não consegue sequer abrir uma conta-corrente ou ter um cartão de crédito. E ainda deve muito à Justiça: cerca de R$ 100 milhões.
Nelma recebeu a reportagem de ÉPOCA em seu apartamento. Da vida de rica, mantém o closet de 50 metros quadrados. Nele, há mais de 500 peças das grifes mais caras do mundo: Chanel, Lanvin, Louis Vuitton, Prada, Hermès, Cartier, Gucci etc. São vestidos, sapatos, bolsas, chapéus, calças, casacos e, principalmente, joias. Sem a renda ilegal de outrora, a doleira resolveu fazer um bazar para liquidar tudo e conseguir dinheiro. Está catalogando os preços e promete descontos “irresistíveis”.
No início, disse ter cogitado doar parte da renda para uma entidade filantrópica. Hoje, com os credores batendo a sua porta, ela assume que vai doar tudo para sua conta bancária — ou para o próprio bolso, já que os bancos lhe viraram as costas.
Uma das estrelas do bazar é o lustre italiano da sala de jantar, da marca La Murrina, feito de pérolas de cristais de Murano talhadas à mão e revestidas com platina. Foi comprado por R$ 200 mil. A doleira queria revendê-lo por R$ 150 mil. Mas disse que, quem chegar com R$ 30 mil em dinheiro vivo, leva. No saldão, há um vestido Chanel vermelho por R$ 10 mil e uma infinidade de bolsas com preço inicial de R$ 5 mil. Com lábia de vendedora, a doleira disse que as roupas foram usadas poucas vezes, já que passou um bom tempo privada de liberdade.