Levantamento aponta quais são os 10 alimentos mais fraudados do Brasil e do mundo; confira a lista

Levantamento identificou que lácteos, azeite de oliva, mel, carne e temperos são alguns dos produtos mais adulterados do planeta

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Suco integral diluído em água, feijão mofado e misturado com grãos de soja e até água de coco adoçado com açúcar — além do permitido. Parece estranho, mas esses são alguns dos truques mais usados para fraudar produtos alimentícios. Recentemente, imagens viralizaram nas redes sociais e também em aplicativos como WhatsApp, uma suposta fraude na produção da castanha de caju.

Nas imagens gravadas na Índia, é possível ver algumas pessoas preparando uma massa, que ao ser frita em uma panela com óleo quente, muda o aspecto e fica parecido com o fruto seco. Embora esse caso específico não constitua uma fraude — diversos veículos indianos confirmaram que o quitute, conhecido como kaju biscuit, é um salgadinho comum em algumas regiões do país, há uma crescente preocupação com os impactos gerados pela adulteração de alimentos.

Conforme a Federal Drug Administration, sendo o órgão governamental dos EUA que faz o controle dos alimentos (tanto humano como animal), estima que 1% de todos os alimentos produzidos no mundo sofram algum tipo de fraude, gerando prejuízos na casa dos US$ 40 bilhões — cerca de R$ 216 bilhões — todos os anos.

Esses produtos também representam riscos em termos de saúde pública — se, por exemplo, uma pessoa alérgica à soja comer um hambúrguer de carne bovina que ganhou a adição desses grãos sem nenhum aviso na embalagem.

Mas, afinal, quais são os alimentos mais fraudados no mundo?
Um levantamento publicado neste ano, por especialistas em certificação de cadeias produtivas, analisou mais de 15 mil registros públicos sobre o assunto, identificados entre os anos de 1980 e 2022.
Os dados revelam que os dez alimentos mais fraudados no mundo foram:

  • Leite de vaca;
  • Azeite de oliva extravirgem;
  • Mel;
  • Carne bovina;
  • Pimenta em pó;
  • Azeite de oliva sem especificação de qualidade;
  • Cúrcuma em pó;
  • Leite em pó;
  • Vodka;
  • Ghee (manteiga clarificada).

O levantamento completo compreende 20 alimentos. Completam a lista suco de laranja, leite de cabra, vinho, carne de frango, carne moída, uísque, outras bebidas alcoólicas, açafrão, azeite de oliva virgem e o óleo de gergelim.

Os achados, compilados por pesquisadores das empresas americanas FoodChain ID, Henry Chin and Associates e Moore FoodTech e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) do Brasil, foram publicados no periódico científico “Journal of Food Protection” em março de 2024. Os dados revelam que 46% dos casos de adulteração representam algum risco potencial à saúde de quem consome esses produtos.

Índia, China, Estados Unidos, Itália e Reino Unido foram os países com o maior número de fraudes detectadas. O Brasil aparece em uma posição intermediária desse ranking, ao lado de outros países europeus, asiáticos e africanos.

Fraudes no Brasil
Quando o assunto é o Brasil, o Ministerio da Agricultura e Pecuária, o MAPA fez um levantamento das adulterações mais encontradas no país em anos recentes. Os técnicos do ministério dividiram a lista em alimentos de origem vegetal e animal.

Segundo a nota enviada à BBC News, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Mapa conta com o Pnfraude, que estabelece anualmente metas para a fiscalização de produtos propensos a fraudes.

Em 2024, os produtos escolhidos para essa fiscalização foram o café, o azeite de oliva, a farinha de mandioca, o arroz e o feijão. No arroz e no feijão, os fiscais buscam fraudes “de natureza econômica, onde produtos de qualidade inferior são comercializados como produtos de qualidade superior (por exemplo, arroz tipo 3 vendido como tipo 1)”.

Já no café e no azeite de oliva, é comum a substituição da matéria-prima — como colocar óleo de soja no lugar de azeite de oliva e resíduos vegetais no pó do café. Por fim, a farinha de mandioca é trocada por farinha de arroz.

De acordo com o levantamento do Mapa, os alimentos de origem vegetal mais fraudados no Brasil em 2023 foram:

  • Vinho;
  • Café;
  • Azeite de oliva;
  • Suco concentrado;
  • Suco natural;
  • Vinagre e fermentados acéticos;
  • Água de coco;
  • Feijão;
  • Refrescos e preparados;
  • Néctar.

Só no ano passado, os fiscais brasileiros apreenderam 131 mil litros de azeite de oliva com indícios de fraude, de acordo com o Mapa. Os números também foram relevantes para a água de coco (66 mil litros), o néctar (59 mil litros), o vinho (57 mil litros) e o café (45 mil quilos).

E as carnes e o leite? O Mapa respondeu que, em 2023, foram analisados alguns indicadores de fraude específicos pelo Departamento de Inspeção de Alimentos de Origem Animal (Dipoa).

O índice de conformidade do leite pasteurizado foi de 94,04%. Isso significa que cerca de 6% das amostras analisadas estavam fora do padrão estabelecido e foram potencialmente alteradas com a adição de soro de leite, açúcares, sais, conservantes, entre outras substâncias proibidas.

Esse índice ficou em 90,15% para o leite UHT e em 93,41% para o leite em pó. “Nas carcaças de frango, verificou-se a adição de água, e o índice de conformidade foi de 83,46%”, aponta o Mapa.

Já nos pescados, os técnicos avaliaram a quantidade de água adicionada para o congelamento, e o índice de conformidade ficou em 91,3%.