Professores e parlamentares criticam governo por “desmonte” da educação

Participantes de seminário reclamaram de salários baixos, defasagem na formação de docentes e estrutura das escolas

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Neste Dia do Professor, parlamentares e professores criticaram, em seminário da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o que consideram um “desmonte” da educação nacional pelo governo de Jair Bolsonaro.

A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT), que solicitou o debate, destacou que conquistas importantes estão sendo deixadas de lado pelo atual governo.

“Conquistas estão sendo desconstruídas e descaracterizadas por um governo que, de forma autoritária, mostra desprezo pela educação. Um governo que impõe uma cruel reforma da Previdência, que penaliza especialmente as professoras e vai dando mais uma contribuição para desprestigiar a profissão, fazendo com que nossa juventude não opte pela educação como carreira profissional”, criticou.

Outros participantes do evento lamentaram o que chamaram de “retrocessos”, como defasagem na formação de docentes, baixos salários dos profissionais da educação, precariedade das escolas e violência no ambiente educacional.

Reformular a formação
O Conselho Nacional de Educação (CNE) colocou em consulta pública um texto para reformulação da formação de professores no Brasil. Entidades de educação, no entanto, consideram que a proposta destrói políticas já instituídas, ignora a diversidade nacional e a autonomia pedagógica das instituições formadoras e apresenta uma visão negativa dos professores, ao propor referenciais de meritocracia para a valorização do professor, entre outros pontos.

Para a representante da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação, Katia Curado Silva, a valorização do trabalho docente depende da sua formação, da existência de condições de trabalho e de melhores salários. “A solução é investir mais na formação em faculdades e universidades públicas. Essa perspectiva permite ampliar as dimensões da formação”, defendeu.

Professor emérito da Universidade Federal de Goiás (UFG), Luiz Dourado disse que a crítica à formação de professores tem sido “lamentavelmente direcionada a quem faz melhor, que são as universidades”. “Em São Paulo, mais de 85% da formação se faz em instituições sem as menores condições. Isso não se trata de um acidente de percurso, trata-se de uma política deliberada”, acredita.

Concurso
Por sua vez, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, ressaltou que o acesso à carreira deve se dar por concurso público, mas que em muitos municípios mais da metade dos professores é por contratação temporária, em “trabalho precário”. “Esses contratos muitas vezes têm um valor menor que o piso. Eles têm a mesma formação nossa, fazem o mesmo trabalho nosso e tem um salário menor.”

Na opinião da deputada Erika Kokay (PT-DF), está em curso um ataque deliberado à educação no Brasil. “Esse ataque à educação é doloso e articulado, para que tenhamos um neutralismo das escolas, que impeçam que tenhamos o desenvolvimento da consciência crítica”, afirmou.

Os participantes do seminário destacaram ainda a situação das escolas, muitas sem banheiro ou acesso a rede de esgoto e com professores submetidos a estresse e situações de violência. “São escolas que não têm água para beber, que não têm banheiro. São questões básicas para os seres humanos, escolas onde tem que fazer cotinha para beber água”, exemplificou Heleno Araújo.

O seminário foi promovido em parceria com a Frente Parlamentar em Defesa da Escola Pública e em Respeito ao Profissional da Educação.

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