UVAS-PASSAS E O NATAL: ENTENDA A POLÊMICA
As uvas-passas ganham destaque nas ceias de fim de ano e, ao mesmo tempo, dividem opiniões entre os brasileiros. Enquanto algumas pessoas valorizam o sabor adocicado e a textura única na farofa ou no arroz, outras torcem o nariz só de ouvir falar na famosa “passas no Natal”. Esse debate, contudo, não diminui a importância econômica e cultural das passas: além de marcarem presença nas festas, elas movimentam o mercado e oferecem oportunidades para produtores rurais em diversas regiões do país.
Uvas-passas: de onde vêm e por que causam discussão?
A produção de uvas-passas começa com a seleção das variedades mais adequadas para a desidratação, como a Thompson Seedless e a Black Corinth. Essas uvas possuem teor de açúcar elevado, boa resistência e, geralmente, casca fina. Após a colheita, elas passam por um processo de secagem que concentra nutrientes e sabor, prolongando a vida útil do fruto.
Entretanto, durante as festas de Natal, a polêmica surge quando as passas aparecem em pratos tradicionais, como farofas, panetones e até saladas. Enquanto alguns consideram a fruta desidratada um toque agridoce que valoriza as receitas, outros preferem manter os pratos livres do sabor adocicado. Independentemente das preferências, o consumo de passas tende a crescer nessa época, reforçando a relevância do produto no mercado.
Por dentro da produção: como surgem as passas
O Brasil ainda importa grande parte das uvas-passas consumidas internamente, mas há espaço para produtores locais investirem nessa atividade. A confecção de passas abrange cuidados desde o plantio da vinha até o manuseio pós-secagem:
- Escolha da variedade
- Uvas brancas: Thompson Seedless, Sultana e Fiesta, que apresentam teor elevado de açúcar e ausência de sementes.
- Uvas tintas: Black Corinth (Zante Currant), Flame Seedless e Ruby Seedless, conhecidas pelo sabor intenso e cor atraente.
- Cuidado com a vinha
- Espaçamento correto para boa ventilação e exposição ao sol.
- Irrigação controlada, já que excesso de água reduz a concentração de açúcares.
- Poda adequada e controle de pragas para garantir cachos uniformes e saudáveis.
- Processo de secagem
- Secagem ao sol: método tradicional que pode levar de 7 a 14 dias, porém depende muito do clima e exige mais mão de obra.
- Secagem em estufas: técnica moderna, geralmente concluída entre 24 e 72 horas, que permite maior controle de temperatura e umidade.
- Pós-secagem e armazenamento
- Seleção e limpeza minuciosa para remover passas danificadas ou impurezas.
- Armazenamento em local fresco, seco e escuro, de preferência entre 10°C e 15°C, com umidade relativa de 55% a 60%.
O valor do fruto desidratado
Apesar das brincadeiras sobre “estragar” ou “melhorar” pratos natalinos, as passas reúnem propriedades nutricionais importantes e possuem alta densidade energética. Além disso, a durabilidade é maior do que a uva in natura, o que possibilita armazená-las por mais tempo e comercializá-las a preços mais elevados.
Segundo dados de comércio exterior do Agronegócio Brasileiro (AgroStat), o país importou em 2023 cerca de 2.800 toneladas de uvas-passas. Para os produtores nacionais, esse número revela um potencial de expansão do mercado interno, sobretudo no final do ano, quando a procura aumenta por conta das festas.
Entre o amor e o ódio: a uva-passa mantém seu lugar
Enquanto as opiniões sobre a inclusão das passas em receitas natalinas continuam divididas, a fruta segue marcando presença em inúmeras mesas pelo país. Afinal, sua versatilidade garante combinações inovadoras, seja em pratos doces ou salgados, e seu valor mercadológico representa uma oportunidade para produtores locais.
No fim, o Natal costuma ser a época em que a paixão — ou a aversão — pelas passas mais se evidencia. No entanto, a cada nova ceia, esse debate ajuda a manter viva a tradição gastronômica e ainda desperta curiosidade sobre o processo de produção de um alimento que, de qualquer forma, jamais passa despercebido.