Quem é a Bispa Mariann Budde? Líder que Enfrentou Trump pela Justiça Social

O sermão de Mariann Edgar Budde na Catedral Nacional de Washington ecoa como um marco de resistência e compaixão.

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Mariann Edgar Budde: A Bispa de Washington que Enfrentou Trump com um Apelo por Misericórdia

Na Catedral Nacional de Washington, durante uma cerimônia inter-religiosa realizada na semana de posse presidencial nos Estados Unidos, a bispa episcopal Mariann Edgar Budde chamou a atenção ao fazer um apelo direto ao então presidente Donald Trump. Com palavras que ecoaram pelo país, ela pediu por misericórdia e empatia para com comunidades marginalizadas, incluindo imigrantes e pessoas LGBTQ+.

O Sermão que Repercutiu

A cerimônia ocorreu em um momento de alta tensão política e social. Recém-empossado, Trump havia declarado que tornaria oficial a ideia de que existem apenas dois gêneros — masculino e feminino — e prometido medidas rigorosas contra a imigração ilegal. Em resposta a esse cenário, Budde subiu ao púpito e, em um sermão de aproximadamente 15 minutos, pediu que Trump ouvisse os temores de milhões de cidadãos.

“Senhor presidente, em nome do nosso Deus, peço que tenha misericórdia das pessoas em nosso país que estão assustadas agora,” disse a bispa. “Há crianças gays, lésbicas e transgêneros em famílias democratas, republicanas e independentes, algumas que temem por suas vidas.” Budde também fez um apelo em defesa dos imigrantes:

As pessoas que colhem nossas safras e limpam nossos prédios de escritórios; que trabalham em granjas avícolas e frigoríficos; que lavam a louça depois que comemos em restaurantes e trabalham nos turnos noturnos em hospitais, elas — elas podem não ser cidadãs ou ter a documentação adequada. Mas a grande maioria dos imigrantes não é criminosa. Elas pagam impostos e são boas vizinhas.

Ao final do sermão, ela fez um novo apelo em defesa dos imigrantes.

“Peço que tenha misericórdia, senhor presidente, daqueles em nossas comunidades cujos filhos temem que seus pais sejam levados embora. E que ajude aqueles que estão fugindo de zonas de guerra e perseguição em suas próprias terras a encontrar compaixão e boas-vindas aqui. Nosso Deus nos ensina que devemos ser misericordiosos com o estrangeiro, pois todos nós já fomos estrangeiros nesta terra.”

Reações Divididas

Trump, que estava presente na cerimônia, mostrou uma expressão séria durante o sermão e posteriormente criticou o evento, afirmando que não havia sido “emocionante”. Em sua rede social Trump, chamou Budde de uma “radical de esquerda”.

A declaração também gerou reações de aliados de Trump. O representante republicano Mike Collins chegou a sugerir, em tom provocativo, que Budde fosse “deportada”.

Quem é Mariann Edgar Budde?

Aos 65 anos, Budde é a primeira mulher eleita como bispa episcopal de Washington. Lidera 86 congregações e 10 escolas episcopais no Distrito de Columbia e em Maryland, desempenhando um papel importante como defensora de justiça social.

Budde é conhecida por seu ativismo em prol da equidade racial, dos direitos LGBTQ+ e da reforma da imigração. Além disso, já criticou abertamente Trump em outros momentos, como em 2020, quando condenou o uso de força policial para evacuar manifestantes da Lafayette Square, em Washington, para uma sessão de fotos do presidente com uma Bíblia em mãos.

Em seus livros, Budde explora a fé e a coragem como ferramentas para enfrentar desafios e promover a paz. Sua liderança espiritual é marcada por uma mensagem clara:

o papel dos cristãos é lutar pela dignidade humana e pela justiça social.

O Impacto do Sermão

O apelo de Budde tocou profundamente muitas comunidades que se sentiram ameaçadas pelas medidas propostas pelo governo Trump. Sua mensagem de inclusão e compaixão destacou-se em um momento de polarização, lembrando que o papel das lideranças religiosas vai além de políticas partidárias.

Mariann Edgar Budde continua a ser uma voz importante nos debates sobre justiça e igualdade, mostrando que a fé pode ser uma força transformadora em tempos de adversidade. Seu sermão na Catedral Nacional de Washington será lembrado como um marco de resistência e coragem.