O dólar atingiu patamares recordes em dezembro, ultrapassando R$ 6,30 e provocando um clima de incerteza econômica na primeira metade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar de bons resultados em 2024, como crescimento econômico acima do esperado e baixo desemprego, a desvalorização do real trouxe à tona preocupações sobre a crise fiscal e a capacidade do governo de equilibrar as contas públicas.
Analistas indicam que os fundamentos econômicos não justificam um dólar tão elevado. No entanto, a saída de investidores reflete o aumento da percepção de risco sobre a gestão fiscal.
Segundo projeções do Banco Central, a dívida pública deve subir de 63% do PIB em 2024 para 74% em 2027. Esse cenário preocupa economistas e alimenta críticas da oposição.
Decisões do Governo e Críticas:
Economistas avaliam que o governo errou ao não realizar ajustes fiscais no início da gestão, apostando em medidas mais tardias, como o pacote de corte de gastos anunciado recentemente. No entanto, o mercado reagiu mal devido à isenção de Imposto de Renda para rendas de até R$ 5 mil, anunciada junto ao pacote.
Especialistas como Nelson Marconi (FGV) afirmam que a falta de austeridade inicial elevou o custo de um ajuste fiscal tardio, agravado pela alta do dólar e pressão inflacionária.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, destaca que o câmbio em alta complica o controle da inflação e pode manter juros elevados, dificultando ainda mais a redução do endividamento público.
Medidas e Perspectivas:
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende uma revisão dos gastos tributários para recuperar a arrecadação. A proposta inclui rever isenções fiscais, estimadas em R$ 544 bilhões em 2025, mas enfrenta resistência no Congresso.
Haddad também criticou medidas do governo anterior, como a “PEC das Bondades”, que aumentou gastos sociais em 2022, e defendeu que parte do aumento das despesas no governo Lula corrigiu distorções herdadas.
Impactos Políticos e Econômicos:
Analistas apontam que o governo enfrenta um desafio político e econômico significativo para 2025. A necessidade de ajustes fiscais contrasta com a pressão para manter políticas sociais.
No entanto, a alta do dólar e os juros elevados impactam diretamente a inflação e o desemprego, fatores que podem afetar a popularidade do governo em 2026.