O dólar opera em forte alta na manhã desta quinta-feira, 29, após o anúncio de Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, sobre o pacote fiscal e isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Agora pela manhã, o ministro detalhou o plano em uma coletiva de imprensa.
Há pouco, a moeda norte-americana subia 1,34%, para R$ 5,9925, após chegar à máxima de R$ 6,0005.
Na abertura das negociações, a moeda subiu 1,30%, sendo cotado a R$ 5,990. Já por volta das 9h20, o dólar subia 0,84% sendo negociado a R$ 5,962. Ontem, o dólar atingiu a maior cotação da história, chegando em R$ 5,913. O recorde anterior era de R$ 5,905, atingido em 13 de maio de 2020, quando começou a pandemia de coronavírus.
“O dólar bateu R$ 6 hoje pela manhã e voltou. Esse movimento é reflexo do que aconteceu ontem, da falta de informação e da forma como o anúncio foi feito, em tom eleitoral. A expectativa é de que seja um dia mais negativo para a bolsa. Isso se deve tanto pela solução apresentada por Haddad, que privilegia um determinado nicho que pode beneficiá-lo politicamente, quanto pela proposta de favorecer o presidente Lula nas próximas eleições, atingindo a faixa da Classe C com até R$ 5 mil. Isso cria uma nova forma de transferência de renda sem clareza, sem detalhar exatamente de onde virá o dinheiro”, afirma Charo Alves especialista da Valor Investimentos.
Já Ítalo Franca, economista do Santander, afirma que a primeira impressão do anúncio é de um potencial mais imediato abaixo do esperado, com foco na revisão de benefícios.
“São medidas importantes, mas geram incerteza até que o potencial se concretize. O aumento da faixa de isenção do IR adiciona incertezas ao cenário fiscal e econômico. A medida pode aumentar o impulso fiscal em uma economia já aquecida. Apesar de o valor de R$ 70 bilhões ser relevante, há dúvidas quanto às estimativas do que foi discutido hoje.”
Na noite de ontem, o governo anunciou medidas para reduzir a trajetória de crescimento das despesas públicas. A principal medida de ajuste das contas do governo incluída no pacote será a trava nas regras de reajuste real do salário mínimo. A estimativa é que o impacto fiscal seja de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos.
IR
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em coletiva nesta quinta-feira, 28, que a isenção de Imposto Renda (IR) para trabalhadores com carteira assinada com salário de até R$ 5.000 implica perda de arrecadação de R$ 35 bilhões, segundo dados da Receita Federal. Segundo ele, a ideia é que o projeto de lei sobre o tema seja debatido pelo Congresso em 2025 e, se aprovado, passe a valer a partir de 2026.
“Entendemos que o projeto [de isenção do IR] pode tramitar no ano que vem, com agenda legislativa mais leve e sem agenda eleitoral. A proposta tem um impacto de R$ 35 bilhões e neutralizado pela compensação prevista no próprio projeto. Esse projeto muito bem pensado pela Receita há mais de um ano”, disse.
A isenção de IR era uma proposta de campanha do presidente Lula e pegou os investidores de surpresa o anúncio, juntamente, com o pacote fiscal.