O Ceará confirmou 2.291 casos de coronavírus e 124 óbitos, conforme atualização da tarde desta quarta-feira (15) do sistema IntegraSUS.
A primeira contemplada pelo projeto foi Meiriane de Sousa, 27 anos, moradora da cidade de Acarape, localizada a quase 70 Km de Fortaleza. A agrônoma costumava visitar a filha, Mariana, de três meses, sempre que possível e ficou muito triste quando as visitas foram limitadas. A primogênita nasceu em estado grave devido à prematuridade de 25 semanas e depende de respiradores.
“É o primeiro filho, ficar longe é bem pesado. Então, fiquei muito feliz e nervosa com a chamada, porque fazia uns dias que eu não tinha visto ela. Foi muito bom. Por mais que seja um bebê e que não tenha o entendimento de estar olhando para a gente, acho que reconhece a voz da mãe”, compartilha Meiriane.
Vanessa Moreira, 30 anos, também sofre com o distanciamento. Há um mês não vê a pequena Layla Vitória, de dois meses, mas entende que a medida busca manter a filha em segurança. “É difícil porque eu passava o dia todo lá e eu não posso mais estar com ela nos momentos que precisa. Só em vê-la na videochamada meu coração já acalmou um pouco”.
A ideia partiu da Unidade de Atenção Psicossocial do complexo hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC) e é realizada pela equipe de psicólogas e assistentes sociais da neonatologia. Para reduzir o fluxo de pessoas, a maternidade passou a permitir visitas apenas em situações excepcionais, avaliadas caso a caso, e a adotar outros meios de comunicação. “A gente faz as videochamadas no período da tarde porque geralmente é mais tranquilo, mas boletim médico continua ocorrendo por telefone com o médico responsável”, explica a coordenadora do projeto visita virtual, Socorro Leonácio.
A filha de Bruna Nayara, 32 anos, recebeu alta na última quinta-feira (9), após 90 dias hospitalizada. Nesse tempo, ela conseguiu realizar quatro chamas de vídeo com Manuela, 3 meses, que nasceu com 27 semanas e peso abaixo da média. “Apesar de ser um hospital cheio, por ser de referência, o atendimento que eu tive da maternidade foi excepcional. Elas já fazem o que podem e diante da pandemia conseguiram fazer mais ainda”, comenta.
Meiriane também elogia o atendimento. “A equipe médica é maravilhosa, o pessoal da limpeza, as médicas, enfermeiras e técnicas. A gente fica mais despreocupada por causa da equipe, que não tem palavras para descrever”, afirma. Vanessa Moreira segue aguardando a melhora da filha, mas se sente menos preocupada porque vê amor e carinho no tratamento. “Eu sei que está sendo bem cuidada, as enfermeiras tratam ela (Layla) como se fosse filha”.
A coordenadora do projeto destaca que a solução temporária de aproximação também envolve os profissionais. “Podemos ver o sorrisos de quem está do outro lado, a emoção dos pais e o envolvimento da equipe. A pandemia tem causado um carga emocional muito intensa e buscamos aliviar este distanciamento através da tecnologia. É uma forma de manter o vínculo, acionar a ‘microbiota do amor’”, finaliza.