Delegado preso pagou R$80 mil em dinheiro vivo por aluguel em condomínio de luxo

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Na tarde desta quarta-feira, horas após a prisão do delegado Maurício Demétrio Afonso Alves , seis promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) explicaram o que motivou a prisão do policial e outras cinco pessoas na operação Carta de Corso. Segundo a promotoria, o grupo de Demétrio teria lucrado no período de três anos, entre março de 2018 e março de 2021, R$ 1 milhão de reais em propina apenas na Rua Teresa. Os investigadores acreditam que o valor possa ser ainda maior e trabalham agora para detectar as áreas de atuação do agente e de seu grupo.

A promotoria criticou a atuação de Demétrio, que teria usado “da Polícia Civil, do MP, Justiça e imprensa” para atacar seus desafetos . Os promotores afirmam que ele é o líder do esquema , e que o esquema pode ser ainda maior. Ao menos 40 comerciantes teriam sido alvos do bando.

— Nessa operação que levou à prisão do delegado (Maurício) Demétrio, a organização ludibriou o Ministério Público , a Justiça e a imprensa, em uma operação para atrapalhar as investigações — destacou o chefe do Gaeco, o delegado Bruno Gangoni.

O MP descobriu que nos últimos meses o delegado ficou em uma casa do condomínio Porto Belíssimo, em Mangaratiba. Na segunda casa, ele pagou R$ 80 mil em dinheiro vivo no condomínio Portobello, no mesmo complexo residencial. Dentro do condomínio, ele consumiu cerca de R$ 35 mil.

Fabiano Cossermelli, subcorregedor do Gaeco. afirmou que só na casa de Demétrio foram encontrados R$ 240 mil em espécie, além de armas, joias e dinheiro estrangeiro. A vida financeira de Demétrio foi levantado e os agentes afirmam que os gastos são “incompatíveis com o que ele ganha” .

— Por conta das práticas ilícitas, as investigações seguem — disse o promotor Cossermelli.

O promotor Diogo Erthal lembrou como eram as casas de veraneio de Demétrio.

— As imagens mostraram umas das casas do Demétrio no condomínio Portobello, em Mangaratiba. Ela foi alvo de buscas. Lá, confirmamos que o delegado Maurício ocupou essa casa por um tempo, mas havia sido entregue recentemente ao proprietário. Ele alugou uma outra no mesmo condomínio. O valor de aluguel de temporada de dois meses era de R$ 80 mil e foi feito em espécie, antecipadamente. Mansões de luxo pagas em espécie. Levantamos o histórico de consumo naquele resort e, entre fevereiro e junho, foram consumidos R$ 35 mil, pagos em espécie.

Para o MP, “a Polícia Civil foi transformada em um serviço espúrio desse delegado”. Para o promotor Fábio Oliveira, “o esquema é a ponta do iceberg”.

— Esse é a ponta do iceberg. Houve um desentendimento dos lojistas e ele subverteu a lógica de investigado a perseguidor. Ficou demonstrado que ele, por meio do WhatsApp, negociou camisas, com o conluio do advogado das marcas. Ele tinha uma vida incompatível com o que ele ganhava. Foram identificados algumas manobras — disse o promotor.

Na Delegacia do Consumidor, os agentes encontraram documentos que, segundo os promotores, mostram quem recebeu a propina.

— Cumprimos mandados na delegacia em que ele foi lotado. Alguns procedimentos investigados por ele foram levados para a sua atual delegacia. Encontramos também documentos que mostram o esquema — disse o chefe do Gaeco.

Sobre a fala do delegado, que acusou o Gaeco de estar retaliando, Gangoni disse que “a fala de hoje é mais uma tentativa de ludibriar a imprensa”

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