O anúncio feito pela Agência de Defesa Agrosilvopastoril (Idaron), em prorrogar o calendário de semeadura (plantio) de soja até o dia 20 de janeiro, vai fazer total diferença no resultado final da safra 2023-2024 no estado de Rondônia. A medida foi adotada em consonância com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), como uma das alternativas para reduzir os efeitos do El Niño nos mais diversos setores sociais do Estado. O reflexo dessa decisão é positivo, a ponto de se confirmar que Rondônia vai conseguir encerrar a safra atual com 100% da área de soja plantada e colhida, mantendo resultados semelhantes aos da safra anterior.
O governador Marcos Rocha comemora a previsão e enaltece as qualidades do agronegócio rondoniense. “A vocação de Rondônia é o agronegócio, conseguirmos o feito de alcançar 100% de área plantada mesmo com as condições climáticas atrapalhando o calendário é um marco importante para a nossa economia, para o desenvolvimento no campo e principalmente para o desenvolvimento social do nosso Estado. Somos referência mundial na produção de alimentos e estamos conquistando espaços cada vez maiores na exportação. Vamos continuar trabalhando firme pra que possamos nos desenvolver cada vez mais”, ressaltou.
O alerta de seca grave, entre os meses de novembro e dezembro do ano passado, só chegou ao conhecimento geral no início do mês de novembro, quando 70% da área de produção já havia recebido o plantio. O alerta foi emitido pelo Centro Gestor Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), em reunião com o Governo de Rondônia e representantes da sociedade civil. Dados da Idaron mostram que os índices de chuva não foram bons naquele período, exigindo replantio de cerca de 10% da área que já estava semeada.
Em outras regiões, que representam 30% da área de produção a exemplo de Porto Velho e Nova Mamoré, a dilatação do prazo para semeadura de soja permitiu que o produtor esperasse um pouco mais. Nessas regiões, o processo ocorreu na segunda quinzena do mês de dezembro e primeira quinzena de janeiro, época em que houve mais registros de chuva, enquanto as primeiras plantações (aquelas que compõem os 70% de área plantada) começaram no final de outubro.
Os órgãos de defesa e controle estabelecem prazos para a semeadura da soja a fim de evitar registro de ferrugem asiática e, consequentemente, gerar prejuízos às plantações. Essa ampliação de prazo aconteceu excepcionalmente por causa do El Niño.
Proporcionando mais tranquilidade aos produtores e ao Governo do Estado, as previsões estabelecidas pelo Censipam não se concretizaram. Em que pese o fato de os índices pluviométricos estarem muito abaixo do esperado, houve registros de chuva suficientes para que a soja fosse cultivada com produtividade dentro da média nacional.
SAFRA 2023-2024
Dados da Idaron, produzidos em parceria com a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Rondônia (Aprosoja), mostraram que a previsão para esta safra é de aproximadamente 2.046 milhões de toneladas em 620 mil hectares de área plantada. Na última safra Rondônia registrou 2.036,7 milhões de toneladas em 595 mil hectares de área plantada. Os resultados para esta safra se mantiveram estáveis, porque a área de produção registrada em Rondônia aumentou, seguindo uma tendência natural do setor registrada ano a ano. Se analisado o quadro de produtividade, percebe-se que o El Niño trouxe problemas para a safra.
Na última colheita, o Estado registrou 3.423 mil quilos de soja produzida por hectare, enquanto nesta safra a previsão é de que haja 3.3 mil quilos de soja por hectare. Em síntese, o Estado ampliou sua área de produção, porém o El Niño não permitiu o desenvolvimento pleno da lavoura para aumentar a produtividade e consequentemente volume total de produção.
RESULTADO
O resultado final desta equação, embora traga certo alívio ao campo e às autoridades, não é completamente satisfatório. Isso porque é necessário respeitar prazos, levando em consideração a qualidade das lavouras e principalmente os fatores climáticos, sendo assim, 70% da área de soja foi plantada seguindo o calendário normal de plantio. A semeadura aconteceu entre outubro e novembro e a colheita começou a partir da segunda quinzena de janeiro.
Nos outros 30% de área, a semeadura ocorreu em dezembro e janeiro e a colheita deve ocorrer até a segunda quinzena de abril. Com isso, não há prazo climático (ou janela de produção, como técnicos e produtores chamam este período) para a plantação de milho. No fim das contas, o volume de soja estará dentro do esperado, mas a produção total de milho no Estado ficará comprometida em aproximadamente 30%, tendo em vista o fato de que apenas as propriedades que começaram a plantar dentro do calendário normal terão janela para plantar e colher o milho antes de iniciar o verão amazônico, quando não há chuva para desenvolver
Gráfico mostra alterações no calendário a fim de garantir melhores resultados na safra