Deputado cobra ações do Estado e da sociedade para inclusão da pessoa com transtorno do espectro autista

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Estima-se que no Brasil existam cerca de 2 milhões de pessoas com transtorno do espectro autista (TEA). O professor Nicolau de Oliveira Araújo é uma delas. Ele recebeu o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista aos 25 anos de idade e afirma que foi “a melhor coisa” que aconteceu, porque conseguiu finalmente se entender.

“Quando eu era criança, achava que eu era um alienígena. Sempre me entendi como uma pessoa completamente diferente de todas as outras pessoas, não conseguia me encaixar nos grupos. A partir do diagnóstico eu consegui entender melhor quem eu era e consegui me posicionar para mascarar menos quem eu sou e isso leva a gente a ser mais feliz porque você consegue ser você mesmo”, relatou.

O transtorno do espectro autista foi tema de um fórum na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (4). Organizador do evento, o deputado Prof. Reginaldo Veras (PV-DF) destacou que o fórum ocorreu na semana de conscientização sobre o assunto e que o número de diagnósticos vem aumentando porque as pessoas passam a entender que têm direitos específicos a partir da confirmação do transtorno.

Ele defendeu uma conscientização cada vez maior, para que haja um processo pleno de inclusão das pessoas e também ações do Estado e da sociedade.

“O Estado tem que investir em políticas públicas para efetivar a inclusão e isso na escola passa pela formação continuada dos professores; pela adaptação das atividades pedagógicas; pela aquisição de materiais lúdicos que permitam essa inclusão; pela oferta de um acompanhante para os autistas de grau 3, porque não dá para um professor sozinho trabalhar com vários alunos e ainda se dedicar a isso”, disse. O deputado defendeu também que toda a sociedade passe por um processo de conscientização para, dentre outras coisas, evitar a prática do bullying.

Filme
Durante o fórum, foi exibido o filme Meu amigo Lorenzo, que mostra o tratamento com musicoterapia do menino Lorenzo, diagnosticado com o transtorno do espectro autista. A musicoterapeuta Clarice Prestes aconselha pais de crianças com o transtorno a serem “menos propositivos e mais responsivos”.

“Primeiro olhar para o seu filho, não para o autismo. Olhar não o que ele não consegue fazer, mas suas possibilidades e ver onde a gente pode reforçar aquilo trazendo prazer. Sentar no chão e brincar de nada, do que ele propuser, ser menos propositivo e mais responsivo ao que a criança traz”, explicou Clarice.

Nicolau de Oliveira Araújo, que convive com o transtorno, também tem conselhos a dar.

“A melhor coisa que a família pode fazer é aceitar a pessoa como ela é e aceitar as barreiras que ela tem. Às vezes elas não gostam de ser abraçadas, não gostam de toque, ou então se irritam muito com certos barulhos, e aí a melhor coisa que a família poderia fazer é construir esse conforto pra pessoa que recebeu esse diagnóstico.”

O autismo um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, entre outras características, e apresenta diferentes graus de intensidade.