Remédio Mais Caro do Brasil é Aplicado Pela Primeira Vez no SUS: Veja o Valor

Medicamento trata distrofia muscular de Duchenne e custa R$ 11 milhões por dose

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Primeiras aplicações do Elevidys no SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) realizou as primeiras infusões do medicamento Elevidys (delandistrogeno moxeparvoveque) , utilizado no tratamento da distrofia muscular de Duchenne (DMD) . O procedimento foi realizado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) , referência no atendimento de doenças raras.

De acordo com o Ministério da Saúde , duas crianças com DMD receberam o medicamento nesta semana. O Elevidys é o remédio mais caro do Brasil , com um preço definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) em R$ 11 milhões por dose .

A aplicação atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) , que solicitou a administração do medicamento a pacientes que preenchem os critérios estabelecidos.

O que é a distrofia muscular de Duchenne?

A distrofia muscular de Duchenne é uma doença genética rara que afeta principalmente meninos. Ela ocorre devido à ausência ou alteração da proteína distrofina , essencial para a função muscular.

Os principais sintomas incluem fraqueza muscular progressiva , que pode comprometer a capacidade de correr, pular e subir escadas. Com o tempo, a doença pode levar à perda de mobilidade .

Até recentemente, o único tratamento disponível no Brasil era o uso de corticoides , que ajudavam a retardar a progressão da fraqueza muscular.

Como funciona o Elevidys?

O Elevidys foi desenvolvido para estabilizar a função muscular , ainda que de forma parcial. O medicamento é indicado para crianças de 4 a 7 anos com DMD.

A neurologista infantil Michelle Becker , responsável pelo Ambulatório de Doenças Neuromusculares do HCPA , explica que a expectativa é reduzir a progressão da doença , mas sem curá-la.

“A gente não espera que o tratamento vá reverter aquela perda de força que o paciente tem. É muito importante dizer para as famílias que não é uma cura. Até agora, os estudos mostram que o medicamento é capaz de estabilizar ou atrasar a progressão da doença, mas a duração do efeito ainda é limitada” , afirma o especialista.

Famílias comemoram avanço no tratamento

Para Alessandro Neves , pai de uma das crianças que recebeu o Elevidys, o tratamento já representa um avanço.

“Não sei se, daqui a pouco, essa medicação pode ter um efeito mais longo. Ainda não há evidências, mas um pouco só de estabilizar, a gente se sente abençoado. E, mais para frente, se tiver algum [medicamento] que seja realmente a cura, a gente ganha um mais de tempo com essa aplicação” , disse ele.

Luana Fassina , mãe de outra criança beneficiada, destacou a importância do suporte recebido durante o processo.

“Fomos muito bem recepcionados, a equipe é maravilhosa e nos deu todo o suporte” , afirmou.

Tratamento ainda gera debates na comunidade científica

Apesar da esperança das famílias, o Ministério da Saúde alerta que as evidências sobre o Elevidys ainda são limitadas . A eficácia do medicamento segue sendo debatida por especialistas.

Enquanto isso, os dois pacientes tratados pelo SUS continuam sob acompanhamento médico , para avaliar os efeitos do tratamento a longo prazo.